Nós enfeiamos a vida

colunistas Rodrigo Santana

Por Rodrigo Santana – Domingo, 1 de novembro de 2020


          Há quem questione se o fogo que Prometeu roubou dos deuses e entregou aos homens foi uma libertação ou uma maldição. Sendo que o prisma da maldição surge quando o véu é descerrado e o ser humano começa a perceber aquilo que ficou escondido quando fomos condicionados a pensar a existência por prismas literários tão fantasiosos que ao surgir um convite à reflexão profunda da condição humana, a gente se esconde, tapa os ouvidos, fecha os olhos, sai correndo etc.

         Mas o mestre Jesus já havia nos alertado sobre o quanto os eternos buscadores da verdade se perturbariam quando tivesse olhos para ver o oculto sendo revelado: 

        “Que aquele que busca não cesse de buscar até encontrar. Quando encontrar, perturbar-se-á”.

          Por muito tempo eu pensei a natureza humana moldada pelo o meio que ela está inserida. Portanto, eu deduzia que conceitos ideológicos ou cristãos fossem suficientes para transmutar o nosso lado obscuro. Acontece que a nossa percepção é tão demente que já perdemos a capacidade de enxergar o quanto nós enfeiamos a vida. 

        Na obra: “Carma e Compromisso” o médium Jan Val Ellam diz: 

            Tudo na Terra está convencionalizado e definido conforme interesses ideológicos e ambições megalomaníacas que, insensivelmente, se sobrepõem aos direitos e às necessidades legítimas do ser humano.

         As elites dominantes também desconhecem o verdadeiro sentido das coisas e do pano de fundo da existência humana terrena, pois foram também condicionadas desde há muitas gerações resultando em escravos de suas próprias ambições, limitações e debilidades.

         O ser humano somente transcenderá se estiver disposto a um confronto, a um questionamento sincero, honesto e puro, em que a imagem de si mesmo, do mundo, do sistema que o cerca, suas crenças, seus objetivos atuais de vida, conhecimentos e bases, forem passíveis de revisão, reflexão, análise e reformulação.

         Segundo a Revelação Cósmica o planeta Terra e alguns outros planetas receberam os espíritos envolvidos na Rebelião de Lúcifer. Sendo que a Terra foi o último a ter as condições necessárias para a Reintegração Cósmica que ainda está porvir. Ou seja, isso explica o fato do pensador Artur Schopenhauer inferir que: 

        “O mundo é o inferno, e os homens dividem-se em almas atormentadas e em diabos atormentadores”.

         Ao analisar o mundo que me cerca muito pouco eu percebo de ações pautadas em princípios éticos que visam o bem comum. Independente dos ensinamentos do Cristo e de tantos outros espíritos que vieram com a missão de transmitir a mensagem que nos revelaríamos o caminho, muitas consciências enlouquecidas conseguiram naturalizar os pensamentos e atitudes que legitimam a mentira, a corrupção, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a hipocrisia, a ganância etc. Ao ponto de me fazer questionar se o filósofo Nietzsche não está coberto de razão ao dizer que: 

         A esperança é o derradeiro mal; é o pior dos males, porquanto prolonga o tormento. 

Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer”. 

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