A apologia dos prismas

colunistas News Rodrigo Santana

Por Rodrigo Santana – Sábado, 31 de outubro de 2020


                              Aquele que conhece a própria ignorância revela alta sapiência.

                                                                                                                   Lao Tsé

          Imagine que você tem um amigo que tem guardado na casa dele um Quebra-Cabeça de 5000 peças que ele nunca montou na sua presença. Um dia ele vai a sua casa e lhe entrega nas mãos uma peça do quebra-cabeça e lhe pergunta: A partir dessa imagem, você pode me dizer qual é a imagem formada ao montar as 5000 peças do quebra-cabeça? Se você respondeu ao seu amigo com a máxima socrática: “Só sei que nada sei” é por que você teve a humildade de reconhecer a sua ignorância sobre as inúmeras peças que você precisaria para poder dizer: Eu sei qual é a imagem formada. Fazendo uma analogia com o que sabemos sobre a história deste universo, o médium Jan Val Ellam, no livro: “Carma e Compromisso” diz: 

         De onde remonta, finalmente, o nosso conhecimento ou, a partir de que ponto referencial partimos, para afirmar isso ou aquilo como verdade?

         Não há olho que possa enxergar se a visão está viciada sob certos aspectos. Será observado ou percebido apenas o que for conveniente às premissas de análises.

         É mais ou menos como enquadrar uma história que é cósmica numa realidade planetária e, a partir disso, inverter o que é causa e o que é efeito, transformando os aspectos terrenos – simples efeito das marés criadoras do cosmos – em princípios criadores, em detrimento do oceano cósmico que nos cerca. É como se, a partir da Terra, todo o cosmos tivesse sido criado e não ao contrário. É um antropocentrismo tão anacrônico quanto inconsequente, ridículo até pela sua pretensão. 

        Se o tema a ser discutido for: “A Rebelião de Lúcifer”, o leitor ciente dos diversos primas revelados pode perguntar: 

  1. Vamos começar a discussão pelo o que está escrito no Antigo Testamento?
  2. Vamos começar pelo o que está escrito no livro de Urântia?
  3. Vamos começar pelo o que está escrito na Revelação Cósmica? 

        Sendo importante ressaltar que a Revelação Cósmica apresentou apenas o prisma da família Val sobre a Rebelião de Lúcifer, faltam os prismas das famílias Yel e Mion. Então como eu posso afirmar saber a totalidade do espelho da verdade do universo tendo apenas um caco? É o que sabiamente é refletido neste Provérbio Iraniano: 

         A verdade é um espelho que caiu das mãos de Deus e se quebrou. Cada um recolhe o pedaço e diz que toda a verdade está naquele caco.

         Infelizmente apenas a doutrina espírita e a Revelação Cósmica é que estão se admitindo com apenas mais uma revelação. Ou seja, essa é a humildade que o mestre Jesus espera que os nosso psiquismo absorva para poder estudar todas as revelações e mitologias sem ter a pretensão de ter concluído o entendimento, pois o que temos em mãos são apenas algumas notícias, ou melhor, apenas aspectos da verdade. A conquista dessa postura filosófica em nosso psiquismo nos libertará desse condicionamento limitante que impede o espírito de evoluir. 

Rodrigo Santana Costa é professor e escritor. Publicou a obra: “Clarecer” 

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