Apresentação na USP difunde criações musicais compostas por mulheres latino-americanas

cultura

Com participação de grupo musical argentino, encontro discute música, feminismos e pertencimento

Na próxima quinta-feira, 13, às 16 horas, o Auditório Olivier Toni do Departamento de Música (CMU) da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP será sede do concerto Sonoridades de Mujeres Latinoamericanas. O evento terá a participação do grupo musical WARMI Ensemble, nascido em Salta, na Argentina, e composto por onze mulheres instrumentistas em formação clássica. Não é preciso realizar inscrições e a entrada é gratuita.

O encontro tem a intenção de difundir a contribuição musical das artistas latino-americanas de diferentes países e gerações. Além disso, é uma resposta à falta de espaços para divulgar a variada produção destas musicistas e ao apagamento imposto às mulheres ao longo da história da música. Atualmente o grupo conta com apoio da Secretaria da Mulher, Gênero e Diversidade de Salta e do Ministério da Educação daquela mesma província.

Antes da apresentação, no mesmo dia, às 14 horas, acontece uma roda de conversa entre as instrumentistas do grupo WARMI Ensemble e as participantes do coletivo Sonora – música e feminismos, na sala 12 do CMU. A conversa também é aberta ao público.

O coletivo surgiu, inicialmente, entre graduandas e pós-graduandas em música na USP, com o objetivo de discutir as relações de gênero nas artes. No momento, a rede reúne diferentes artistas e pesquisadoras, mas não é vinculada à Universidade. 

Criação feminina

Kely Guimarães – Foto: Arquivo pessoal

O coletivo também conta com apoio do Núcleo de Pesquisa em Sonologia (NuSom) da USP. Algumas integrantes do Sonora também compõem o grupo de pesquisa. Kely Guimarães é uma delas. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS) da ECA, a musicista destaca que o evento visa também romper com o eurocentrismo nas artes, além de atribuir um novo significado à música erudita. “Estamos ainda nos descobrindo, procurando nossas formas de pensar e produzir música. Para isso, é preciso romper com o modus operandi do colonizador, que utiliza, inclusive, das escolas de música para ser disseminado”, explica.

Sob a orientação de Susana Igayara Souza, docente do CMU, a pesquisadora amazonense também defende que é preciso fortalecer a autoria feminina nas artes entre as mulheres. “A invisibilidade é consequência das imposições do patriarcado. Nosso propósito é coletivo. Alcançar a grande população é um trabalho árduo, ainda mais sendo mulher”, diz. “As artes também são um espaço de disputa. Não é à toa que o cenário musical brasileiro, por vezes, é determinado pelo eixo centro-sul do Brasil, como se fosse o único formador de opinião no País”, complementa ela, que tem desenvolvido estudos sobre os processos produtivos, representatividade e aprendizagens de compositoras no campo musical em Manaus.

Conhecer as suas origens tem sido um dos propósitos de estudo de Kely desde a graduação em licenciatura em música pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). No mestrado, ela chegou a produzir um e-book digital reunindo os resultados de sua pesquisa. A obra Mulheres compositoras: cartografias e relação de poder pode ser consultada clicando aqui.

Repertório inclusivo

Andrea Mukdsi – Foto: Arquivo pessoal

O propósito do grupo musical WARMI Ensemble é resgatar, preservar e promover a criação e execução musical de mulheres latino-americanas. Ao Jornal da USP, a regente do grupo, Andrea Mukdsi, comenta os motivos que as levaram a repensar o repertório musical das suas apresentações.

“Nos dedicamos à transmissão de conhecimento para as novas gerações, seja em instituições universitárias ou em escolas de música voltadas às pessoas de baixa renda. Diversidade e inclusão é nossa premissa, é nossa identidade. É a essência do grupo. Somos instrumentistas de diferentes etnias, de diferentes idades, de regiões distintas da Argentina, com duas integrantes que pertencem à comunidade LGBTI+”. 

O repertório aponta para a busca de diferentes estéticas e suportes para as diversas linguagens que emergiram da criação sonora dos compositores de vanguarda dos séculos 20 e 21 na América Latina.

Saiba mais: 

@sonoramusicasefeminismos

@andreaperezmukdsi

*Sob supervisão de Antonio Carlos Quinto

Fonte: Jornal da USP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *