Endometriose: dor incapacitante pode atrapalhar desempenho no trabalho

Brasil Ciências saúde

Estudo norte-americano mostra que mulheres com endometriose perdem, em média, seis horas de produtividade no trabalho por semana

Bethânia Nunes – Sexta, 8 de março de 2024

A endometriose é uma doença que atinge uma em cada dez mulheres no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Caracterizada pela proliferação do tecido endometrial fora do útero, a condição causa dores intensas e irregularidade na menstruação, impactando a vida da mulher em vários aspectos, inclusive na carreira.

Um estudo da Academy of Managed Care Pharmacy, de 2017, chama atenção para a importância do diagnóstico e controle dos sintomas, bem como para a necessidade das empresas oferecerem acolhimento e alternativas de cuidado às funcionárias.

Os pesquisadores da organização norte-americana analisaram dados de aproximadamente 1,4 mil mulheres diagnosticadas com endometriose em 10 países, incluindo o Brasil. Segundo eles, uma mulher com endometriose perde, em média, seis horas de produtividade no trabalho por semana.

A conta dos pesquisadores levou em conta as faltas provocadas pela dor incapacitante e os momentos em que a paciente está trabalhando acometida pelos sintomas da endometriose.

Endometriose

endometriose é uma doença genética, crônica e progressiva. O útero é revestido pelo endométrio, um tipo de tecido que é expelido do corpo conforme o ciclo menstrual. O diagnóstico ocorre quando o tecido cresce fora do útero, em regiões da cavidade abdominal, como os ovários e a bexiga.

A maioria das pacientes desenvolve a doença durante a puberdade e os sintomas se intensificam de forma progressiva com cólica persistente no período menstrual, dor nas pernas e ao evacuar.

“Estima-se que 70% das pacientes com a doença sejam sintomáticas e tenham como principais sinais a cólica e a dor lombar”, afirma o ginecologista Luís Otávio Manes, especialista em endometriose.

Diagnóstico e tratamento

De acordo com o médico, o diagnóstico da endometriose é feito tardiamente, levando em média 10 anos para ser realizado. Esse tempo tem impactos significativos na qualidade de vida das mulheres.

“Faz com que elas passem por situações que afetam diretamente a produtividade no trabalho. Pesquisas recentes mostram que cerca de 70% das mulheres que têm endometriose acabam tendo algum tipo de problema no ambiente profissional e, na maioria das vezes, desenvolvem sintomas depressivos como ansiedade, alteração do humor e fadiga crônica”, relata.

Em casos mais graves, a dor intensa pode ocasionar faltas ao trabalho por conta de consultas médicas, exames, cirurgias ou, simplesmente, pela incapacidade de realizar as tarefas devido aos sintomas.

A endometriose pode dificultar ainda a participação em treinamentos, viagens de trabalho e outras atividades importantes para o desenvolvimento profissional.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ajudam a reduzir os sintomas e a melhorar a qualidade de vida das pacientes, o que se reflete na vida profissional.

“É necessário um esforço conjunto da sociedade, empresas e governo para garantir que as mulheres com a doença tenham acesso ao diagnóstico e tratamento adequados, além de um ambiente de trabalho inclusivo e livre de discriminação”, ressalta o especialista.

Licença menstrual

As empresas podem oferecer apoio às pacientes com a flexibilização da jornada de trabalho, possibilidade de trabalho remoto e licenças médicas para tratamento. “É importante conscientizar a sociedade sobre a endometriose e seus impactos, para que as mulheres com a doença sejam compreendidas”, avalia o ginecologista.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) promulgou, na quarta-feira (6/3), a Lei Complementar nº 1.032/2024, que garante “licença menstrual” para servidoras públicas do Distrito Federal. O projeto de lei prevê o distanciamento do trabalho por até três dias consecutivos por mês em caso de “sintomas graves associados ao fluxo menstrual, após homologação pela medicina do trabalho ou ocupacional”.

Fonte: Metropoles /

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