Entenda o passo a passo da recuperação do gramado do Maracanã para a final da Copa do Brasil

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Diretor técnico da Greenleaf conversa com o Lance! e explica processo que está sendo feito

Alvo de muitas críticas por parte de jogadores, torcedores e imprensa, o gramado do Maracanã está passando por um período de recuperação visando a final da Copa do Brasil. Flamengo e São Paulo se enfrentam pelo jogo de ida no dia 17 de setembro, no Rio de Janeiro.

Em entrevista ao Lance!, Lucas Pedrosa, diretor técnico da Greenleaf Gramados, empresa responsável por cuidar do campo, explicou como está sendo feito esse processo por um tapete de excelência para a grande decisão. Atualmente, os pontos mais críticos são os trechos do setor norte do estádio, mas também as linhas em que há demarcações.

– O setor norte tem falta de luz, então a grama não fica com a mesma densidade que no sul, mas tem grama lá. Está tudo fechado com grama. Claro que com esse tempo nublado e chuvoso, o início do nosso procedimento acabou sendo atrapalhado, mas estamos retirando toda a crosta de tinta das linhas, nivelando novamente com areia e replantando. Fazendo enxertos para ter muda e melhorar esse problema das linhas. Não vai fechar em 20 dias, mas vamos ter grama naquelas áreas.

Além dos trechos mais críticos, outras regiões também sofrem com problemas, mas considerados menos drásticos. Pedrosa também revelou que o gramado do Maracanã está sendo “bombado” e que deve se encontrar em excelente condição para receber o duelo entre Flamengo e São Paulo.

– No resto do campo, estamos fazendo procedimento de limpeza com corte vertical, estamos sugando o resíduo que é do dia a dia do corte, fazendo uma cobertura de areia para proteger essa replantação nova. E muitos procedimentos nutritivos e granulados serão pesados. Quando você tem muitos jogos, você fica engessado para fazer essa nutrição. Você fica com uma atividade de nutrição por semana. Com essa parada, vamos fazer essa nutrição de duas a três vezes por semana. Vamos bombar o gramado. Aproveitar que não haverá pisoteio para que ele recupere a densidade de novo. Ele vai recuperar muito bem as falhas, os danos. As linhas não ficarão 100%, mas os programas de operações, tanto com máquina quanto essa parte nutricional, serão pesadas.

Há uma grande expectativa por parte da empresa responsável pelos cuidados do gramado do Maracanã que com os produtos e hormônios aplicados, o campo tenha um ganho considerável de densidade nos trechos de demarcações de linhas. O aumento de incidência solar e temperatura também devem ajudar na recuperação de quase 100% do terreno.

Logo após o duelo entre Flamengo e Internacional, as máquinas de luzes artificiais foram colocadas no campo visando uma recuperação mais rápida do campo. Além de elogiar o tratamento feito no dia a dia, Pedrosa afirmou ser um luxo ter esses mais de 20 dias para o processo que está sendo realizado.

– O Maracanã é um dos estádios que mais utiliza luz (artificial) no país. Estamos desde fevereiro usando luz sem parar. Tiramos quatro horas antes dos jogos, mas voltamos logo depois da partida e fica a semana inteira ligada. Isso tem feito uma diferença enorme na parte norte. Se não houvesse a luz, possivelmente haveria falta de grama na região. Vamos conseguir devolver toda a densidade, coloração e um gramado de excelência para a final. Como a gente não tem uma semana parado, 20 dias é um luxo.

Gramado do Maracanã

Luzes artificiais são usadas na recuperação do gramado do Maracanã (João Brandão/Lance!)

Desde o último dia 26 de agosto, o Maracanã está fechado para jogos por conta da recuperação do gramado. O Fluminense precisou mudar o lugar de seu confronto diante do Fortaleza, que será disputado no dia 3 de setembro, para o Raulino de Oliveira, em Volta Redonda.

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JOGO ENTRE VASCO E FLUMINENSE, NO DIA 16 DE SETEMBRO

– Qualquer intervalo em que você tenha dois jogos em menos de 24 horas, você tem um dano. Não que vá ter muito dano para a final, mas quebra um pouco essa sequência de final de temporada. Você eleva o nível do gramado e vem dois jogos seguidos. Já tem uma queda para a sequência dos outros jogos. Não é bom. Não é recomendado uma partida no dia 16 (de setembro) ainda mais para estragar um espetáculo que é uma final, com um valor alto de premiação, uma competição tão importante.

FINAL DA LIBERTADORES

– Já fizemos o planejamento de trabalho de operação de maquinaria e nutrição para ter respostas para a final da Libertadores, mas o intervalo (do tempo de recuperação) ainda está em aberto. Flamengo e Fluminense precisam ceder. Teríamos que ter mais de 20 dias de gramado parado para a gente fazer o que estamos fazendo agora. As atividades requerem tempo. Tenho que fazer dia após dia, e o gramado ir respondendo com o que estou operando. Teriam que sair (do calendário do Maracanã) dois jogos de Flamengo e dois de Fluminense, então ainda há um impasse. O ideal é como seria uma revitalização com 30 dias. Até isso a Conmebol gostaria que fosse, mas logo foram barrados, pois iriam tirar muitos jogos. E é receita isso. Estuda-se um intervalo de duas semanas, mas ainda não temos isso. E o processo seria parecido com o que está sendo feito agora. Mas em outubro você tem mais calor, mais incidência solar. A grama bermuda é uma grama que precisa de mais horas de luz por dia. Quanto mais luz, mais sol, mais rápida será a resposta.

AQUECIMENTO NO CAMPO

– Uma situação que prejudica o Maracanã não são apenas os números de jogos. O que mais prejudica hoje é o pré-jogo. O aquecimento dura 40 minutos. Nesse aquecimento, você tem dois times treinando em meio campo, não só os titulares, como os suplentes. Você tem 24 jogadores de um lado e do outro fazendo bobinho, fazendo físico, chutando bola para o gol. Esse trabalho físico, de campo reduzido, é o que mais causa dano antes da partida. Você tem praticamente três tempos de jogo em cada partida. Se você pegar dois jogos seguidos, como foi o do Fluminense e depois do Vasco, você tem praticamente seis tempos de jogo em menos de 15 horas. A chuva foi a cereja do bolo. Eu mandei uma carta para a CBF pedindo que fosse considerado evitar bobinho, físico dentro das quatro linhas, mas a entidade, assim com a Conmebol, quer um gramado de excelência, mas não atuam firmemente nessa parte. Deve-se restringir as atividades feitas no gramado. Gramado é um ser vivo, ele sente o pisoteio. É um fator que pouca gente sabe, mas eu sempre bato na tecla. A gente é cobrado, mas não temos o suporte devido.

Fonte: Lance

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