Por Dhonatas Siva (Colunista do Ipirá City) Segunda, 01 de julho de 2024
Sempre me perguntei sobre a natureza das escolhas. A vida é feita de caminhos, bifurcações, decisões que nos moldam, nos transformam. Mas… E se tivéssemos escolhido diferente? E se, naquele momento crucial, tivéssemos dito “sim” ao invés de “não”? Ou “não” ao invés de “sim”?
Lembro-me de um dia, há muitos anos, em que me deparei com uma
escolha aparentemente banal. Estava na estação de trem, e o destino me apresentava duas opções: um trem que ia para o leste e outro para o oeste. Dois caminhos, duas vidas distintas à minha frente. Optei pelo oeste, mas até hoje me pergunto como teria sido minha vida se tivesse seguido para o leste.
Cada pessoa que encontrei, cada experiência vivida, tudo se desenrolou a partir daquela escolha. Aquele momento me trouxe até aqui, agora. Mas, e as possibilidades perdidas? Os amores que não conheci, as aventuras que não vivi?
Às vezes, penso que a vida é como um livro com páginas em branco. Cada escolha, cada ação, é uma palavra, uma frase, uma linha que preenche essas páginas. E, no final, temos a nossa história. Mas as histórias não escritas, as linhas não traçadas, para onde vão? Ficam perdidas no limbo das possibilidades não realizadas? Há quem diga que não devemos nos prender ao passado, que é inútil lamentar o que poderia ter sido.
No entanto, é da natureza humana refletir sobre o tempo, sobre o que deixamos para trás e o que ainda está por vir. Esses pensamentos nos acompanham, como sombras, lembrando-nos constantemente de que cada momento é precioso e irrepetível. A vida é um constante balé entre o passado e o futuro, com o presente escapando por entre os dedos.
No entanto, essa dança, essa oscilação entre o que foi e o que será, é o que dá sentido à nossa existência. Cada escolha, cada decisão, por menor que seja, contribui para a construção do nosso eu presente.
Talvez, em vez de questionar as escolhas não feitas, devêssemos celebrar as que fizemos. Pois são elas que nos trouxeram aqui, a este exato momento.
As pessoas que encontramos, as lições que aprendemos, os momentos de alegria e dor, tudo isso compõe o mosaico da nossa vida. E, quem sabe, um dia, olhando para trás, perceberemos que a vida, com todas as suas incertezas e mistérios, foi exatamente como deveria ser.
Que as curvas no caminho, os desvios inesperados, os momentos de dúvida e certeza, todos eles contribuíram para nossa jornada. Afinal, a beleza de viver talvez resida não na ausência de arrependimentos, mas na capacidade de encontrar significado e propósito em cada escolha, em cada momento vivido. Pois, no fim das contas, é a jornada, com todos os seus altos e baixos, que realmente
importa. E é essa jornada que nos define, que nos molda, que nos torna quem somos.
Ao abraçar o inesperado, ao aceitar que nem tudo está sob nosso controle, podemos encontrar uma paz interior. As escolhas que fizemos, mesmo as que nos parecem erradas ou mal direcionadas, são linhas que escrevemos no livro da nossa vida.
E talvez, ao final de tudo, possamos olhar para trás e ver que cada palavra escrita, cada escolha, contribuiu para uma bela história, uma obra de arte que é a nossa própria existência. Portanto, em vez de nos perdermos em arrependimentos e especulações, que possamos encontrar alegria e gratidão pelos caminhos percorridos, pelas vidas que tocamos e pela história que estamos escrevendo.
Fim
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