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Ex-vendedor de cachorro-quente, amigo de Putin, procurado pelo FBI e conhecido pela crueldade: quem é Yevgeny Prigozhin

Mundo

Próximo de Putin e chefe do grupo Wagner, oligarca surpreendeu ao defender o fim da invasão russa na Ucrânia em mensagem divulgada na última sexta-feira (14).

Oligarca russo; ex-vendedor de cachorro-quente; próximo de Vladimir Putin; chefe de um grupo mercenário conhecido por sua crueldade e táticas brutais no campo de batalha; e procurado pelo FBI. Este é Yevgeny Prigozhin, 61 anos, careca, branco e de olhos castanhos, segundo a descrição da ficha de procurados da polícia investigativa dos EUA. A recompensa para quem tiver informações concretas sobre ele? 250 mil dólares.

Prigozhin, dono do Grupo Wagner, surpreendeu o mundo na última sexta-feira (14) ao defender o fim da invasão russa na Ucrânia, no que é considerada a primeira proposta pública do tipo feita por alguém próximo do de Putin.

“Para as autoridades [russas] e a sociedade em geral, é necessário pôr um ponto final na operação militar especial”, escreveu Prigozhin num artigo divulgado no Telegram, em referência ao modo como a Rússia chama a guerra na Ucrânia. O ideal, nas suas palavras, seria “anunciar que a Rússia alcançou os resultados que buscava e, de certa forma, nós conseguimos”.

Grupo Wagner

O Grupo Wagner é uma empresa paramilitar contratada pelo Kremlin que está atuando ao lado da Rússia na guerra contra a Ucrânia. Atualmente, os mercenários estão focados, principalmente, no combate por Bakhmut, no leste do país, e reivindicam o controle da maior parte da cidade, embora as forças ucranianas contestem o avanço do grupo.

O grupo foi fundado em 2014 e uma de suas primeiras missões conhecidas foi na península ucraniana da Crimeia, naquele mesmo ano, quando mercenários ajudaram forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região.

O grupo também é notório por sua crueldade e táticas brutais no campo de batalha. Também demonstrou violência em vídeos de supostas execuções de mercenários desertores. “A morte de um cachorro por um cachorro”, disse Prigozhin ao endossar um vídeo que mostra um desertor que aparentemente havia sido devolvido pelos ucranianos em uma troca de prisioneiros, sendo assassinado de forma cruel, em novembro do ano passado.

Segundo a BBC, Prigozhin é figura controversa e teve uma ascensão surpreendente no establishment russo. A reportagem da BBC também descreve Prigozhin como um profundo conhecedor das prisões da Rússia, onde recrutou criminosos para o grupo Wagner, não importando quão graves fossem os crimes dos condenados.

FBI

Segundo o site do FBI, Prigozhin é procurado por seu envolvimento em uma conspiração para fraudar as eleições presidenciais de 2016 nos EUA. Ele foi o principal financiador da Internet Research Agency (IRA), com sede em São Petersburgo. Ele supervisionou e aprovou operações de interferência política e eleitoral nos Estados Unidos, incluindo a compra de espaço de servidor de computador americano; a criação de centenas de perfis falsos e o uso de identidades roubadas de americanos.

Em novembro do ano passado, Prigozhin admitiu a intervenção e disse que continuaria fazendo isso no futuro. “Interferimos, estamos interferindo e continuaremos interferindo. Com cuidado, precisão, cirurgicamente e à nossa maneira, como sabemos fazer. Durante nossas operações pontuais, removeremos os rins e o fígado de uma só vez”, disse.

‘As ordens vêm do papai’

Certa vez, antes da invasão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, em uma reunião com funcionário do alto escalão do governo russo, como descreveu o jornal The Guardian, Prigozhin pediu terras do Ministério da Defesa que pudesse usar para o treinamento de “voluntários”.

Prigozhin, relatou o Guardian, deixou claro que esse não era um pedido comum. “As ordens vêm do papai”, disse ele aos oficiais da Defesa, usando um apelido para Putin destinado a enfatizar sua proximidade com o presidente.

Cachorro-quente

Também de acordo com o Guardian, que ouviu pessoas próximas de Prigozhin, nem o dinheiro, nem o poder foram os únicos fatores motivadores para sua ascensão. Em vez disso, dizem eles, ele é movido pela emoção da perseguição, pela crença de que está lutando contra elites corruptas e pelo desejo de esmagar seus rivais.

Em 1980, o oligarca foi condenado a 13 anos de prisão por uma série de roubos em São Petersburgo. Quando foi solto, passou a comandar um pequeno negócio de cachorro-quente. Em pouco tempo, Prigozhin foi ganhando espaço e passou a ter participação em uma rede de supermercados. Em 1995, decidiu ser hora de abrir um restaurante com seus sócios, quando seu negócio começou a crescer ainda mais.

Fonte: G1