Fim do Moreira é só mais um capítulo na tradição de fechamentos em Salvador

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Pelo visto, há uma crise não apenas comercial, mas imobiliária, envolvendo o centro da cidade

Fechou definitivamente o restaurante Porto do Moreira, no ano em que completaria 85 primaveras. Há quem brinque que, na Bahia, um evento que comemora um ano já se anuncia como “tradicional”. Brincadeira ou não. O fato é que a efemeridade é realmente a tradição nesta primeira capital do país. Portanto, pensando bem, um ano é mesmo lucro.O Moreira sendo então e até, em certa medida, uma exceção.

“É um fim de um sonho, infelizmente a realidade é essa. É o fim de uma tradição, de tudo. Temos esperança de que um dia vamos voltar, mas, por enquanto, foi colocado um ponto final no sonho”, declarou ao Metro1 Cristina Moreira, 46, co-responsável pela famosa casa de pasto citada em mais de um livro de Jorge Amado.

Rádio Metropole bem que tentou intervir e evitar mais esta perda numa cidade que se gaba de ter na cultura (e a gastronomia é parte importante disto) seu principal patrimônio. Mas não adiantou. O Porto do Moreira se junta agora a outros locais importantes, verdadeiramente tradicionais, que fecharam as portas nos últimos tempos.

Mini Cacique — Já em 2020, no início da pandemia de Covid-19, o restaurante fundado em 1974 encerrou suas atividades na rua Ruy Barbosa, nº 29. Ali, o prato mais famoso era o cozido das quintas-feiras e de primeiras categorias. Vale notar que o imóvel onde funcionou por 46 anos o Mini Cacique ainda está à venda.

O Colón — Outro personagem de Jorge Amado que não resistiu às mudanças foi o Colón do Comércio. Morreu em novembro de 2021. Primeiro, o casarão onde funcionou, por mais de um século, o restaurante fundado por espanhóis bem aclimatados à Bahia, foi interditado pela Defesa Civil de Salvador (Codesal). Aliás, até hoje ele ameaça, diuturnamente, desabar na cabeça de alguém. Já em outro endereço, a crise bateu forte à porta e a comida frequentada por nomes como Carlinhos Brown, Tatti Moreno, Neuza Borges e tantos outros sumiu. “O Sumiço da Santa” é o livro em que Amado cita o estabelecimento. Fica o livro.

Rei do Hot Dog — Também em 2021, as madrugadas soteropolitanas ficaram mais desertas. Primeira lanchonete 24 Horas da cidade, o Rei do Hot Dog encerrou as atividades após o falecimento de seu fundador. Foram mais de 50 anos alimentando a rapaziada, inclusive com filial na Praça da Piedade. O imóvel número 20 da Ladeira dos Galés, no Matatu de Brotas, também está à venda desde então, sem encontrar comprador.

Pelo visto, há uma crise não apenas comercial, mas imobiliária, envolvendo o centro da cidade. Ao mesmo tempo, imóveis no Santo Antônio Além do Carmo têm subido vertiginosamente de preço e de procura. 

Pós-Tudo — Funcionando há três décadas no bairro do Rio Vermelho, o restaurante famoso pelo arroz de polvo anunciou em seu perfil no Instagram que está fechado para reestruturação. “Em breve reabriremos esse espaço com um novo formato para acolher todos vocês”, diz a postagem.

Fonte: Metro 1

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