Frentista baiano que virou artista expõe obras no Carrousel du Louvre, em Paris: ‘Realização de um sonho

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O artista plástico baiano Eduardo Lima, 46 anos, se emocionou ao ver duas obras de arte suas expostas no “Carrousel Du Louvre”, em Paris. Nascido em Capim Grosso, no interior da Bahia, o pintor retrata a cultura e o cotidiano nordestino e foi selecionado para a exposição Salão Internacional de Arte Contemporânea, que começou na última sexta-feira (20) e vai até este domingo (22). As duas telas selecionadas foram batizadas de “Falando ao Coração” e “Ouvindo o Coração”.

Com direção artística e curadoria da artista Lisandra Miguel, a mostra acontece na Gallery Vivemos Arte – D49, espaço anexo ao famoso Museu do Louvre. O local recebe mostras com trabalhos de pintura, fotografia e outras formas de expressão artística contemporânea, possibilitando a troca de experiências entre artistas expositores de diversas partes do mundo. 

“Confesso que eu me emocionei quando eu vi a minha obra exposta. Saber que eu estou representando o Brasil, a Bahia, o Nordeste, a minha cidade natal, Capim Grosso; e a minha cidade onde eu fui acolhido, adotado, Barreiras; me traz uma alegria, uma felicidade, muito grande. É a realização de um sonho”, diz Eduardo, em conversa com o Alô Alô Bahia.

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As duas pinturas do artista que estão expostas no local – “Falando ao Coração” e “Ouvindo o Coração” – retratam a brincadeira infantil “telefone sem fio”, muito conhecida no Brasil.

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“São duas pinturas de óleo sobre tela. Faz parte de uma série que criei, com dez obras, entre elas ‘Barquinho de papel’, ‘O menino e o pneu’, ‘amarelinha’, ‘bolinha de sabão’, etc. A linguagem é lúdica, mas passa uma mensagem importante sobre a importância da comunicação e da empatia em todas as fases da vida. Quando alguém tira um momento para escutar nossas alegrias, tristezas ou dúvidas, nos sentimos importantes, e isso nos fortalece e acalma. Nos motiva a não desistir de nossos sonhos e lutas”, afirma. 

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Lima compartilhou ainda imagens de um dos vestidos que pintou para a esposa, Cida Lima, usar em Paris. “Ela sempre me apoiou e acreditou no meu sonho de artista. E agora cá estamos nós, na França”, celebra.

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“Você só sabe pra onde você vai se você souber da onde que veio. E eu sei exatamente onde que vim. Sou filho do sertão e estou no Louvre. Muito obrigado, meu Deus, por esse momento”, finaliza. 

Trajetória

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O começo da carreira artística de Eduardo não foi fácil. O seu primeiro contato com a arte foi na olaria em que seu pai trabalhava com cerâmicas fabricando telhas. Aos oito anos, o menino ia fazer uma visita e começava a brincar de fazer esculturas. De lá, ia para a escola e aproveitava para desenhar.

Aos 18 anos, foi trabalhar como frentista. “Comecei a pintar quadros para mim mesmo e para a minha família no meu tempo livre”, contou Eduardo à revista ‘Pequenas Empresas & Grandes Negócios’. Ele deu uma de suas obras para ser pendurada na loja de sua esposa Aparecida Cruz. Era apenas uma decoração, mas um cliente pediu para comprar e o casal decidiu vender.

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Então Eduardo fez outro quadro para pendurar no mesmo lugar — e outro cliente quis comprar. “Foi natural assim começar a vender. Eu passei a fazer pinturas depois que chegava do trabalho para vender. Virei um frentista artista”, brincou Eduardo. Foram nove anos de trabalho no posto de gasolina até ele decidir que queria fazer carreira como artista plástico.

“Eu peguei minhas telas, comprei um carrinho bem velho e passei a viajar pela região para expor em praças públicas do interior. Eu era como um ambulante de arte”, diz o artista. Mas ele ainda teve muitas dificuldades para conseguir vender suas obras — chegava a pensar até em voltar para ter um emprego fixo e fazer arte para ele mesmo.

Divulgação na internet
Foi com a internet que Eduardo conseguiu dar uma reviravolta em seu negócio. A primeira página que ele criou foi no Facebook, em 2010. Ele hoje tem mais de 100 mil seguidores no Instagram e 32 mil no X, antigo Twitter.

Foi através das redes que a sua arte chegou até o influenciador Felipe Neto, que pediu que o pintor fizesse um retrato seu com o estilo de pintura do sertão nordestino. “O Felipe Neto viu, no Twitter, a minha obra de releitura da Monalisa e do Van Gogh. Foi por acaso mas ele gostou muito e entrou em contato comigo”, contou Eduardo. “Eu fiz e ele gostou tanto que depois entrou em contato para eu fazer um da namorada dele”. 

Aos 46 anos, hoje Eduardo já fez encomendas para diversos famosos, como Rodrigo Lombardi e Marcos Biaggi, e também já enviou sua arte para mais de 30 países. O baiano vive de sua arte, e até criou a Eduardo Lima Art, empresa que vende produtos licenciados — canecas, camisa e outros — com suas obras.

Fonte: Alô alô Bahia

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