Herdeira da L’Oréal é primeira mulher de mais de U$ 100 bi

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Timothy Rooks – Domingo, 7 de janeiro de 2024

Filha única, Françoise Bettencourt Meyers herdou toda a fortuna da mãe, que se multiplicou graças à alta das ações da L’Oréal. Hoje é 13º lugar entre os bilionários do mundo – com direito a uma minissérie da Netflix.

Costuma-se dizer que “para fazer dinheiro, é preciso dinheiro”. A bilionária francesa Françoise Bettencourt Meyers é uma prova viva desse ditado. Após acrescentar ao longo de 2023 mais 28,6 bilhões de dólares (R$ 139,4 bilhões) a seu capital, no fim de dezembro a fortuna pessoal dela ultrapassou a marca dos 100 bilhões de dólares. Segundo o Bloomberg Billionaires Index, ela se tornou assim a primeira mulher a possuir tanto dinheiro.

Embora a soma tenha caído para 96,2 bilhões de dólares em 4 de janeiro de 2024, além de ainda ser, de longe, a mulher mais rica, Bettencourt Meyers tem a 13ª maior fortuna do mundo, em termos absolutos, ainda segundo a Bloomberg. A Forbes, que igualmente compila um ranking dos bilionários, a situa em 15º lugar. Seja qual for o cálculo, ela continua sendo uma das poucas mulheres a constarem de tais listas.

Bettencourt Meyers, de 70 anos, é a neta do fundador da companhia de cosméticos L’Oréal, Eugene Schueller. Sua mãe, Liliane Bettencourt, era a mulher mais rica do mundo ao morrer em 2017, aos 94 anos.

Como Françoise é filha única, coube-lhe o total da herança: 40 bilhões de dólares, a maior parte em ações da L’Oréal. Hoje ela detém 34,7% da empresa e é vice-presidente do conselho empresarial de 16 cabeças, de que também participam seus dois filhos. Ao longo dos anos, ela tem também recebido somas volumosas em dividendos.

Liliane Bettencourt (esq.) e filha em março de 2011Foto: Thierry Orban/abaca/picture alliance

Os bilhões dos cosméticos

Fundado em 1909, o conglomerado L’Oréal é hoje o maior fabricante de cosméticos do mundo, englobando marcas como Lancôme, Kiehl’s, Maybelline e Garnier, e empregando mais de 85 mil funcionários. Em 2022 seu faturamento oficial ultrapassou 38 bilhões de euros (R$ 203 bilhões).

A firma não foi sempre tão lucrativa: durante anos o valor de suas ações ficou estagnado. Porém desde 2011 elas estão em alta, passando de 100 euros no ano seguinte e só cedendo durante a pandemia de covid-19. De volta à forma, em 19 de dezembro de 2023 os títulos tocaram o recorde absoluto de 460 euros, proporcionando à L’Oréal uma capitalização de mercado de mais de 240 bilhões de euros. Com isso a fortuna de Bettencourt Meyers furou o teto dos 100 bilhões de dólares.

No entanto o título de francês mais rico cabe a Bernard Arnault, proprietário do grupo de artigos de luxo LVMH e durante um período o indivíduo mais rico do mundo. Segundo a Bloomberg, ele atualmente possui 179 bilhões de dólares.

Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy esteve envolvido no “caso Bettencourt”Foto: Bertrand Guay/AFP/Getty Images

Sobrevivendo ao “caso Bettencourt”

Para Françoise Bettencourt Meyers ser uma herdeira bilionária não basta: evitando a alta sociedade e a atenção pública, ela já escreveu livros sobre os deuses gregos e sobre a Bíblia. Apesar de todas as vantagens de berço, a ascensão não foi linear: sua relação com a mãe era tensa.

As tensões chegaram ao ápice no famoso “caso Bettencourt“, que fez manchetes por todo o mundo e em 2023 foi abordado na série em três partes da Netflix A bilionária, o mordomo e o namorado. A partir de 2007, Bettencourt Meyers acusou diversas pessoas de explorar a saúde mental debilitada de sua mãe – entre elas até o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy. Mãe e filha levaram o litígio a tribunal, que decidiu colocar o capital, investimentos e propriedades de Liliane Bettencourt sob curatela familiar.

Durante essas longas batalhas legais, Françoise manteve-se firme e conseguiu manter intacta a maior parte da fortuna da mãe. Desde a morte desta, ela assumiu a frente da situação, e em 2018 galgou diversos rankings de bilionários. A alta vertiginosa das ações da L’Oréal nos últimos anos mais do que dobrou sua herança. A família também investe em outros projetos através da empresa de participações (holding) e investimentos Téthys.

Fonte: DW

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