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Israel x Hamas: China assume conselho da ONU sem trégua à vista

Mundo

Troca de gestão significa mudança no ritmo das discussões, mas não dá horizonte para resolução que arrefeça o conflito entre Israel e Hamas

A China assume, nesta quarta-feira (1°/11), a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O novo comando substitui a gestão brasileira, que, apesar dos esforços, não conseguiu chegar a um consenso em torno de um texto para intervir no conflito entre Israel e o grupo Hamas.

A troca de gestão traz consigo uma mudança no ritmo das discussões. Ainda assim, a passagem de bastão não coloca no horizonte a paz na Faixa de Gaza. Até o momento, as 15 delegações votaram quatro resoluções, e em nenhuma delas houve consenso.

O Brasil trabalha em uma quinta minuta, que trata da implementação de pausas humanitárias e da libertação de reféns. No entanto, o texto não foi finalizado antes do término do mandato. As tratativas seguem mesmo fora da presidência.

O professor de geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Vitor de Pieri observa que, em relação à resolução do conflito no Oriente Médio, a mudança de comando no conselho não irá mudar os rumos das decisões recentes, até porque não muda as visões dos países sobre a questão.

“Como está estruturado o Conselho de Segurança da ONU, ele tem sido boicotado, principalmente pelas potências ocidentais. Como está estruturado, é impossível chegar a um acordo”, explica. O principal impasse, segundo o docente, é o poder de veto dos membros do colegiado.

O Conselho de Segurança foi instituído no ato da criação da ONU, em 1946. O órgão é composto por 15 membros das nações unidas. São permanentes apenas China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – países que figuraram entre os vitoriosos da 2ª Guerra Mundial.

Gestão brasileira

“O Brasil foi um sucesso”, destaca o professor Vitor de Pieri sobre a liderança brasileira. Segundo ele, o texto proposto pelo Brasil foi o mais perto de garantir paz no Oriente Médio. “O Brasil reconheceu os dois lados. Reconheceu que as ações do Hamas foram criminosas e reconheceu que o Estado de Israel não tem o direito de massacrar em função desses ataques”, ressalta.

A gestão da delegação brasileira no conselho se destacou pelas tratativas em torno do desenvolvimento de uma minuta para intervir no conflito. O texto apresentado pelo Brasil, ao atingir 12 votos positivos, garantiu o apoio da maioria do colegiado. A medida não passou por oposição dos Estados Unidos, que é membro permanente e, portanto, tem poder de veto.

A resolução articulada pelo Brasil pedia uma pausa humanitária para permitir o fornecimento rápido e desimpedido de ajuda, bem como o envio contínuo de bens essenciais aos civis, como artigos médicos, água e alimentos. A falta de um trecho que citasse o direito de defesa de Israel motivou o veto americano.

Além da proposta brasileira, outras três entraram em apreciação, sendo duas da Rússia e outra dos Estados Unidos, mas nenhuma passou. Em discurso de encerramento, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lamentou a falta de consenso para aprovação de uma resolução sobre o conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas.

O chanceler destacou que o Brasil seguirá empenhado na formulação de uma minuta que aborde a crise humanitária na Faixa de Gaza. “O Brasil terminou sua presidência hoje, no entanto, continuará se engajando em conversas com os membros do Conselho de Segurança para atingir um acordo em torno da urgente e grave situação no Oriente Médio”, defendeu Vieira.

Acirramento do conflito

Paralelamente às discussões na cúpula em Nova York, o conflito está longe de um fim. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou, nessa segunda (30/10), que Israel descarta totalmente um cessar-fogo e disse que suspender a retaliação aos ataques do Hamas seria o “equivalente a uma rendição”.

O governo israelense afirma que tem agido para destruir o grupo extremista Hamas, que domina a Faixa de Gaza. No entanto, os mais de 2 milhões de cidadãos que residem em Gaza sofrem as consequências do conflito, seja por meio dos bombardeios ou da escassez de suprimentos de primeira necessidade.

Nesta terça, as Forças de Defesa de Israel bombardearam um campo de refugiados ao norte de Gaza. Imagens mostram uma cratera na região do bombardeio, além da mobilização dos palestinos pela retirada das vítimas dos escombros.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) emitiram um comunicado em que confirmam a autoria do ataque e afirmaram que a ação mirava Ibrahim Biari, um dos líderes do ataque de 7 de outubro.

“Ele também foi responsável por enviar os terroristas que realizaram o ataque de 2004 no porto de Ashdod, no qual 13 israelenses foram assassinados, e foi responsável por direcionar disparos de foguetes contra Israel e promover numerosos ataques contra as FDI, nas últimas duas décadas”, completa.

Registros que circulam nas redes sociais mostram que, entre as vítimas, há mulheres e crianças. De acordo com autoridades de Gaza, o ataque israelense deixou centenas de vítimas, entre mortos e feridos.

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Fonte: Metrópoles