Agência de Comunicações ECA Jr. promove evento on-line com a artista neste sábado
06/05/2021
Por: Juliana Alves
Arte: Simone Gomes
Bato palmas para as travestis que lutam para existir
E a cada dia conquistar o seu direito de viver e brilhar
A música Mulher (2017) é de Linn da Quebrada, uma artista multimídia: atriz, cantora, compositora e performer, além de ativista. Ela será a protagonista da 53ª edição do Café Acadêmico, intitulada Café da Quebrada, que acontece neste sábado, dia 8, às 16 horas. O já tradicional evento promovido pela Agência de Comunicações ECA Jr., ligada à Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, será on-line e ressaltará, principalmente, a área de comunicação e arte.
Nascida na zona leste de São Paulo, Linna Pereira começou a trabalhar aos 14 anos no salão de beleza de um cunhado. O local também foi o responsável por iniciar os questionamentos estéticos e identitários que, três anos depois, dariam espaço para a sua primeira performance. Anos depois, passou a se apresentar em boates, com shows performáticos.
Ela experimentou vários gêneros, como o rap, mas se consolidou no funk com a sua primeira música autoral, Enviadescer (2016), quando se denominava MC Linn da Quebrada. Com o sucesso de outras canções, realizou uma turnê nacional, Bixarya, em 2016 e 2017. Também em 2017, graças a um financiamento coletivo, lançou o álbum audiovisual Pajubá, que inclui desde funk até ritmos das religiões afro-brasileiras. Em suas músicas, ela aborda temas como o machismo, o empoderamento LGBTQIA+, a sexualidade, questionamentos sobre padrões de gêneros, suas inquietações e afeto. Outras composições, como A Lenda, possuem caráter político e a Submissa do 7° Dia contém crítica social.
“Eu acredito que toda arte tem um conteúdo e um contexto político. O fazer política está em tudo aquilo que fazemos, em cada uma das nossas escolhas”, comenta Linn ao Jornal da USP. Segundo ela, a sociedade entendeu o seu trabalho como ativismo, ou “artivismo”. “O que eu estou fazendo é uma construção poética da minha narrativa ficcional e friccional a partir da música. Isso é político por si só, pelo meu corpo, ocupando esse espaço até então tão renegado por esses territórios geopolíticos de poder”, explica a artista. Linn fala que a poética de sua arte “borra” esses territórios e propõe construir outros espaços, com um novo olhar sobre ela e suas ações.
“Bicha, trans, preta e periférica. Nem ator nem atriz, atroz. Performer e terrorista de gênero”— como se autointitula — , Linn utiliza sua criatividade em diferentes frentes. Conhecida pela versatilidade profissional, ela fez parte do elenco da série Segunda Chamada, da Rede Globo, integrou o elenco do premiado drama Corpo Elétrico (2017) e participou do documentário Meu Corpo é Político (2017).
Um dos grandes destaques da carreira de Linn da Quebrada é a obra Bixa Travesty (2018), que ganhou o Teddy Awards – prêmio de cinema oferecido a filmes com temática LGBTQIA+ – como melhor documentário. Como roteirista e protagonista, Linn da Quebrada expõe suas memórias pessoais e reflexões sobre estereótipos de gênero, liberdade e possibilidades de o ser humano viver como quiser.
Durante a pandemia, o processo criativo de muitos artistas foi afetado. Para Linn, foi um processo de aproximação com sua criatividade. Com muitas atividades, ela acabou se desconectando também de si mesma. “Esse tempo da pandemia foi crucial, eu tive que organizar um caos externo e interno. Entender o que é que eu quero criar. Um momento de redescoberta.”
Um dos resultados desse processo criativo foi o anúncio da produção do seu novo álbum, Trava-Línguas, para 2021. Linn afirma que ele vem surgindo desde as turnês de Pajubá, e está se transformando e transformando-a. “Quando fizemos a imersão para produzir o disco” – descreve Linn -, “ele se mostrou com outras caras e com outras vozes, diante de nós, que estávamos envolvidas, Badsista (produtora), Dominique (percussionista) e eu. É um álbum que me deu a possibilidade de redescobrir o prazer em fazer canções.”
Além dos projetos audiovisuais e músicas, no Café Acadêmico a convidada abordará temas como projetos sociais e sustentáveis, a vida cotidiana, sonhos, conquistas, a valorização da arte e da cultura e outros aspectos. Sobre os tópicos do evento, arte e comunicação, Linn diz que a arte conecta e elabora, inclusive, novas linguagens. “Uma comunicação que talvez comigo ainda não existia. Ou existia e eu tenho esquecido. A arte me faz lembrar daquilo que eu não posso esquecer”, reflete Linn.
O Café Acadêmico, promovido pela Agência de Comunicações ECA Jr., da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, acontece neste sábado, dia 8, às 16 horas, no link que será disponibilizado pela organização do evento. Os ingressos podem ser adquidos neste link. Informações do site Jornal USP.