Mohamed Nureldin/Reuters

Manifestantes contrários a golpe militar são mortos a tiros no Sudão

Mundo

Ao menos dez manifestantes que protestavam contra o golpe militar no Sudão foram mortos a tiros por forças de segurança nesta quarta-feira (17), segundo um sindicato de médicos. Dezenas ficaram feridos.

A repressão é ainda mais letal que a de sábado (13), quando oito pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram feridas em uma outra manifestação no país, que é o terceiro maior da África em extensão territorial.

A população tem ido às ruas para protestar contra o golpe militar de 25 de outubro, em que o general que comandava a transição de governo prendeu o premiê interino do país e outros políticos e decretou estado de emergência.

Com slogans como “o povo escolhe os civis” e “não ao poder militar”, milhares de pessoas protestaram nesta quarta nas ruas de Cartum, a capital do Sudão, e das cidades vizinhas de Bahri e Omdurman.

As manifestações ocorrem apesar do bloqueio das redes de telefonia e da internet e desafiam a repressão, que já deixou ao menos 24 mortos segundo a agência de notícias Reuters.

O golpe militar

Militares deram um golpe de Estado há quase um mês no Sudão, o terceiro maior país da África em extensão, e tomaram o poder após prender o primeiro-ministro interino, Abdallah Hamdok, ministros e outras autoridades civis.

O general Abdel Fattah al-Burhan, que chefiava o conselho que supervisionava a transição para uma democracia, fez um pronunciamento oficial na TV, anunciou estado de emergência no país e dissolveu o próprio conselho e o governo de transição, que era comandado por Hamdok.

O Conselho Soberano foi criado há dois anos, após a saída de Omar al-Bashir (ditador que caiu em meio a protestos depois de governar por três décadas). Ele era formado por civis e militares que frequentemente discordavam sobre o futuro do país e o ritmo da transição para a democracia.

As prisões, o estado de emergência e a dissolução do conselho ocorreram perto da data em que o general Abdel-Fattah Burhan teria de entregar a liderança do Conselho Soberano a um civil.

Fonte: g1/Foto: Mohamed Nureldin/Reuters