Mesmo sem Carnaval tradicional, setores da economia estão otimistas no Rio

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Prefeitura deve divulgar protocolos e esquema operacional da apresentação de blocos e dos desfiles na Marques de Sapucaí ainda esta semana,

Até esta sexta-feira (07), a prefeitura do Rio de Janeiro e os blocos de rua da cidade chegarão a um consenso sobre como será a realização dos desfiles. O prefeito Eduardo Paes (PSD) propôs que sejam realizados em local fechado para que haja um controle de entrada de público.

A Liga dos blocos, por sua vez, não concordou com a proposta por acreditar que a folia deve ser realizada nos bairros onde nasceram e sempre se apresentaram. Também nesta sexta a prefeitura deverá divulgar as regras dos desfiles na Sapucaí.

À CNN, o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Claudio Considera, informou que ainda é cedo para prospectar um impacto real na economia, levando em consideração as regras que ainda serão impostas pela organização do carnaval.

Para Considera, o que deve definir os resultados é a procura dos próprios turistas brasileiros pelas cidades que terão atrações.

Segundo o último estudo da FGV, divulgado em 2019, com dados das festividades de 2018, os brasileiros representam 88% de pessoas que estiveram no Rio, com uma permanência média de 6,6 dias, e gastando R$ 280,32 por dia, em média.

Já os 12% de estrangeiros ficaram mais dias, gastando mais (7,7 dias, com gasto médio de R$ 334,01 por dia)”. Em 2018, foram 1,05 milhão de turistas (124 mil estrangeiros e 931 mil brasileiros), com um impacto total de R$ 3 bilhões na economia, sendo 2/3 de gastos dos turistas e 1/3 de outros gastos (cariocas e pessoas da Região Metropolitana do Rio).

No mesmo artigo, o pesquisador aponta que o Carnaval 2021 poderia ser de até R$ 5,5 bilhões, sendo R$ 4,4 bilhões decorrente dos turistas e pouco mais de R$ 1 bilhão do impacto dos cariocas, pessoas da Região Metropolitana do Rio e gastos operacionais, o que aumentaria para 1,4% do PIB carioca.

“Pode parecer pouco, em proporção do PIB, mas é um número bastante considerável. Só como exemplo, o Bolsa Família tem um peso próximo de 0,5% do PIB, e tem grande importância e relevância no país.” – destaca Considera.

Porém, ainda com as limitações impostas pela pandemia, os setores podem não conseguir atingir esses números.

Segundo o levantamento da CNN, 12 capitais informaram que cancelaram ou suspenderam parcialmente o Carnaval 2022 público: Campo Grande, Cuiabá, Teresina, Belém, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro (apenas Carnaval de rua), Florianópolis e Curitiba (será on-line), São Luís, Recife e Maceió.

Impacto direto nos setores

Apesar de não atingir a expectativa de realizar o maior carnaval de todos os tempos, como se imaginava para 2022, diversos setores da economia, como rede hoteleira e bares e restaurantes se mantém otimistas. O presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, concordou com a decisão da prefeitura:

“Acho que é prudente e necessário, e nós precisamos respeitar o que manda a ciência. No ano passado, em que nós tivemos um Carnaval sem nenhuma festividade, o Rio teve 80% de taxa de ocupação dos hotéis. Ou seja, as pessoas vieram aqui em família, buscando o que a cidade tem. Vieram pelo entretenimento, pelos pontos turísticos. Acho que vale a pena a gente postergar um pouco esse grito de Carnaval”.

O presidente da Abrasel, Paulo Somucci, vai além e diz não acreditar em prejuízos, mas sim, em uma boa movimentação nos caixas.

“Nós não acreditamos que o cancelamento do Carnaval de rua possa trazer impacto negativo. O setor está bastante animado. As vendas de dezembro foram excelentes, começamos o ano muito bem. Acho que até terá um efeito positivo uma vez que trará mais tranquilidade ao consumidor”.

Somucci usa os dados do fim de ano com exemplo. “A gente viu isso no Réveillon, por exemplo, no Rio. Não teve aquelas festanças, as músicas, e a gente teve um faturamento espetacular e as pessoas se sentiram muito confortáveis e seguras dentro dos bares e restaurantes, com toda razão, porque durante todo esse período da pandemia nós não tivemos nenhum surto entre clientes e funcionários, e acreditamos que a mesma coisa acontecerá no Carnaval”.

Já os vendedores ambulantes pensam diferente. Eles temem pela baixa movimentação de turistas, e consequentemente, queda nas vendas. O presidente da Faaerj, Marcelo Veras, afirma que o município do Rio conta com 40 mil ambulantes, sendo 25 mil informais e 15 mil credenciados pela Prefeitura e cada um movimentaa pelo menos R$ 500 reais diariamente durante os desfiles de rua. A soma aponta uma arrecadação de R$ 20 milhões por dia.

“Esse cancelamento vai prejudicar muito, mas nós entendemos que a contaminação do vírus explodiu, está aí o grande número de casos. Porém, sem o Carnaval de rua no Rio de Janeiro, tem trabalhador que vai ficar sem ter o que comer ao longo dos próximos meses. Vamos ver como vai ser”, disse Marcelo Veras.

Fonte: CNN Brasil / Foto: Marco Antônio Teixeira/Riotur

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