Terça-Feira, 21/02/2023 – 12h00
Por Redação
O Ministério Público da Bahia (MP-BA), desde o primeiro dia de Carnaval em Salvador, vem articulando com os órgãos responsáveis a viabilização da ligação de água nas centrais de coleta de materiais recicláveis e sinalizado para a necessidade das centrais ficarem protegidas dos efluentes das ruas. Nesta segunda-feira (20), os catadores de material reciclável sofreram com a chuva que caiu nas ruas do Circuito Dodô (Barra-Ondina).
A água molhou parte das latas coletadas por catadores de material reciclável, que se juntou à sujeira da rua lavada com jato de água ensaboada, escorreu pela vala que atravessa as estruturas das centrais de coleta seletiva montadas para a festa e chega à outra parte do material coletado, já depositado na área coberta das unidades. As 11 centrais de coleta não contam com ligação de água e de esgoto. Não há estrutura para que os catadores possam fazer sua higiene pessoal, embora façam o trabalho fundamental de coletar latas e plásticos do chão sujo, inclusive de urina, das ruas dos circuitos.
Após reuniões realizadas nesta segunda-feira (20) e no domingo (19), com representantes da Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa), da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), da Empresa Salvador Turismo (Saltur), da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). A Embasa se comprometeu a entregar nesta terça-feira (21) um estudo de viabilidade técnica da instalação da rede de água e esgoto nas centrais, com prioridade àquelas que não contam com contêineres de banhos nas proximidades.
Como solução mais emergencial, os catadores, cooperados e autônomos, de todas as centrais serão orientados pelos órgãos a utilizar os contêineres de banho localizados no Politeama; na rua Miguel Burnier, próxima à Perini, na Barra; próxima à Praça do Camaleão, na Ondina; e no Vale do Canela. O MP também contatou a Ambev, patrocinadora do Carnaval, e aguarda retorno da empresa, que é responsável pela montagem de oito das 11 centrais de coleta e pelas despesas quanto à logística reversa. As reuniões tiveram a participação dos promotores de Justiça Ana Paula Coité, Dario Kist, Inocêncio de Carvalho e Eduvirges Tavares, além dos engenheiros sanitaristas da Central de Apoio Técnico (Ceat) do MP Filipe Pereira e Bárbara Costa Lima.
Desde o primeiro dia de Carnaval, na quinta-feira (16), os dois analistas técnicos do MP vêm realizando visitas técnicas às centrais. Na manhã de hoje, eles foram às unidades do Forte de São Pedro e da Barra-Ondina, as duas montadas pela Ambev. Nesta última, localizada na rua Silvino Marques, paletes foram colocados no chão da central pela Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava (Caec) para evitar que água suja molhasse os sacos de latinhas. Segundo o representante da cooperativa, Jackson Costa, na ausência do fornecimento dos insumos, eles disponibilizaram álcool em gel e água mineral para a higiene dos produtos. “Não é o mais adequado para fazer a limpeza. O ideal é água e sabão” , disse.
Jackson afirmou que desde 2012, quando ele começou na atividade, a estrutura das centrais vem sendo aprimorada a cada ano, apesar de haver muitos pontos ainda precários. A catadora Jaciara Pereira, 48, há 30 anos no ramo, mostrou-se satisfeita com os banheiros e equipamentos de proteção individual (EPIs), mas também reclamou da falta de água para higiene e da demora em vender a mercadoria coletada. “Entreguei desde quarta-feira e apenas hoje consegui vender. O pior Carnaval foi esse”, disse referindo-se ao fluxo. O analista Filipe Pereira ressaltou a importância de valorizar o trabalho dos catadores. “Sem o trabalho deles, plásticos e latas não teriam o destino final ambientalmente adequado que é a sua reciclagem. Ficariam nas ruas ao custo de varrição pública ou poluindo rios e mar e causando alagamentos”, destacou.
Fonte: Bahia Noticias