Palestra sobre racismo e saúde mental abre a programação do ‘Novembro Negro’ no Hospital Juliano Moreira

Bahia saúde

A história de intelectuais, artistas e profissionais negros foi lembrada na manhã desta terça-feira (04), durante a palestra que marcou o início da programação da campanha Novembro Negro, no Hospital Juliano Moreira (HJM). O historiador André Luís Souza de Carvalho falou sobre “Racismo, saúde mental e o legado de Juliano Moreira”, mediando diálogos sobre o tema.

Baiano de Salvador (BA), negro, o professor André relatou algumas experiências pessoais em sua trajetória, destacando como vem atuado a partir desse lugar de representatividade. “Nos últimos vinte anos, venho me dividindo entre a prática docente, na perspectiva de construção de uma prática antirracista, e a pesquisa acadêmica afrocentrada”, explicou.

Especialista em História Social e Cultura Afro-Brasileira e Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), André Luís aponta efeitos de projetos colonialistas/imperialistas do passado que se perpetuam nos dias atuais. E teceu críticas às tentativas de apagamento da história na perspectiva das pessoas negras.

“Que história deveria estar escrita?”, questiona Carvalho, comentando sobre a formação de uma consciência histórica pela educação – sobretudo, na produção de materiais didáticos, como livros, e de mídias textuais e audiovisuais. Após refletir com o público sobre preconceitos e discriminações atravessadas por racismo, ele discorreu em outra perspectiva.

“É a partir daí que vou me deparar com a biografia de importantes personalidades negras, que nos ajudam a recontar a nossa história. Quando a gente vai para esse leque de personalidades negras, encontra o Juliano Moreira”, salientou o pesquisador, que também se dedicou a projetar a memória do homem negro que revolucionou a psiquiatria no Brasil.

Juliano Moreira nasceu na capital baiana, em 1872. Dentre as principais contribuições, a luta contra o racismo científico reverberou. No início do século XX, pessoas negras com alguma condição de saúde mental eram levadas para manicômios e submetidas a estudos científicos e intervenções clínicas sem os devidos cuidados técnicos e éticos. Então, o psiquiatra baiano propôs abordagens inovadoras, que articulavam o rigor científico e o cuidado humanizado.

Para o diretor geral do HJM, iniciar o ‘Novembro Negro’ pela história de Juliano Moreira é simbólico. “Se hoje o hospital emplaca o nome de um dos maiores agente da saúde mental que esse país conheceu, a partir do lugar que ele representa, é uma responsabilidade nossa garantir que cada paciente seja acolhido com essa assistência humanizada que merece. Ainda temos uma árdua e necessária luta contra o racismo em suas diferentes práticas. Portanto, continuaremos essa missão de fazer com que tal memória continue sendo lembrada e vivida também por ações”, defendeu o médico psiquiatra, Dr. Antonio Freire.

O evento foi encerrado com visitação do público ao Memorial Professor Juliano Moreira, que já conta com uma mostra permanente de arquivos sobre a memória desse psiquiatra e da saúde mental no país; mas que agora expõe o nome, a vida e obras de outras personalidades negras que marcam as lutas antirracistas e representatividade no Brasil e no mundo. “Fantástico”, descreveu Dr. José Fierre, médico e psicólogo que apreciou toda a exposição.

Para ver toda a programação de Novembro Negro do Hospital Juliano Moreira, clique aqui.

Com Informações da Sesab

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