Por que mulheres cientistas recebem menos financiamento?

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• Desigualdade de gênero na pesquisa científica • Vacina contra dengue • Sofrimento entre os quilombolas • Yanomamis ainda correm riscos importantes • Diabete dobrará até 2050 • Aborto no Reino Unido aumenta devido às condições sociais •

Apesar de superarem os 50% de presença nos mestrados e doutorados das instituições públicas brasileiras, as mulheres seguem sub-representadas na docência e na concessão de bolsas de pesquisa, caminho que permite avanço na carreira. Matéria da revista Piauí mostra dados levantados pelo Parent in Science e Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, nos quais se pode verificar que mulheres são apenas um terço dos bolsistas do CNPq e recebem metade dos investimentos financeiros de homens. Trata-se do chamado “efeito tesoura”, metáfora a respeito da forma do acessório, pela qual se explica que conforme a carreira progride (inclusive nos estágios de pesquisa) as diferenças de gênero se acentuam, tal como uma tesoura que se abre e vê suas duas lâminas se distanciarem. A pouca flexibilidade da academia em relação à maternidade é uma das explicações centrais da manutenção de mais essa modalidade de desigualdade de gênero.

Vacina contra dengue chega nesta semana – apenas para quem pagar

A Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda, é a primeira vacina de uso universal a ser disponibilizada para evitar a dengue. Aplicada por injeção, exigirá duas doses com intervalos de três meses – e por ora não está disponível na rede pública. Seu custo está estimado entre R$ 300 e R$ 350 e sua taxa de eficácia foi de 80% na fase de testes. O Brasil já possui um imunizante para a doença, que voltou a registrar altos índices de incidência na população, mas de uso exclusivo para pessoas já infectadas pela dengue uma vez. O Instituto Butantan também desenvolve uma vacina para as doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, que está na última fase de testes e deve ficar pronta em 2024.

Quilombolas relatam sofrimentos psíquicos

Para uma reportagem publicada na Folha de S. Paulo, Tayguara Ribeiro visitou as comunidades quilombolas de Jacú e Mocó, no município de Poço das Trincheiras (Alagoas), e colheu depoimentos de moradores locais a respeito do aumento de casos de depressão e ideação suicida. Ainda que faltem estudos mais profundos, tudo indica que o agravamento do quadro, tal como acontece em povos indígenas, está diretamente relacionado com o contexto sociopolítico vivido por tais grupos sociais. “Há uns quatro anos, se agravou. Mas a gente sempre teve na comunidade. Eu até me assustei e levei o caso para a secretária de saúde. Eu estou bastante preocupada porque são muitos casos. Existem casas em que das cinco pessoas, quatro estão dormindo na base de remédio”, disse a estudante Aline dos Santos Ferreira, liderança local.

A vulnerabilidade dos yanomami em dados

Estudo do Grupo de Trabalho Geo Yanomami, formado por Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), constatou que cerca de 65% das comunidades yanomami seguem ameaçadas pela interferência dos não-indígenas na natureza. Desmatamento e contaminação de água e solos foram levantados pelo estudo, que conclui que a saúde desse povo segue ameaçada pelos próximos anos. “Percebemos que havia muitos dados importantes disponíveis, mas eles precisam ser ordenados e analisados”, explica Diego Xavier, pesquisador do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz e integrante do grupo. “Com os resultados produzidos pelo estudo, esperamos auxiliar no planejamento de ações para enfrentar a crise de saúde nas comunidades Yanomami, não apenas em momentos de emergência, como agora, mas também nos próximos anos. Essa análise é um passo inicial que precisa ser aprimorado com informações de campo e monitoramento.”

Diabete dobrará até 2050

Artigo publicado na revista Lancet projeta um planeta com o dobro dos atuais 650 milhões de diabéticos. E tal aumento refletirá as desigualdades econômicas, com prevalência em regiões da África, Oriente Médio e América latina acima da média global. A diabetes tipo 2, relacionada com obesidade, tende a ser a predominante, e se explica em boa parte pelo envelhecimento de uma parcela maior da população – mas a OMS em seus informes também alerta que estilo de vida e alimentação também influem. “A rápida taxa de crescimento do diabetes não é apenas alarmante, mas também desafiadora para todos os sistemas de saúde do mundo”, disse Liane Ong, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo.

Condição econômica aumenta número de abortos no Reino Unido

Inglaterra e País de Gales observaram crescimento de 17% no número de abortos permitidos por lei no primeiro semestre de 2022. O número total atinge 123 mil e supera o recorde do ano anterior, de 105 mil. Segundo especialistas consultados pelo diário Guardian, a crise econômica que as políticas de austeridade impõem às classes populares, acentuada pela pandemia, é a explicação do fenômeno. Sempre dissimulada em relação às realidades que o capitalismo apresenta às pessoas comuns, a direita radical britânica fala em “tragédia”. Mas, para além do moralismo, nada de propostas capazes de permitir às famílias terem filhos. “As pressões financeiras estão fazendo os casais tomarem a decisão de adiar ao máximo a gravidez ou até interrompê-la”, resumiu Clare Murphy, chefe do Serviço britânico de aconselhamento sobre gravidez.

Fonte: Outra saúde

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