Projeções para 2050 mostram o Brasil como potência alimentar global

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Brasil se destaca como um dos principais players na produção de proteínas animais, especialmente carne de frango, suínos e bovinos.

O mercado global de alimentos está em constante expansão, impulsionado por fatores como crescimento populacional, aumento da renda global e mudanças nas preferências alimentares dos consumidores. Nesse cenário, o Brasil se destaca como um dos principais players na produção de proteínas animais, especialmente carne de frango, suínos e bovinos. Três especialistas do setor compartilharam suas visões sobre as oportunidades e desafios da produção de proteína animal durante painel realizado na Conferência Brasil Sul da Indústria de Produção de Carne de Frango (Conbrasfran), promovida em meados de novembro pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), em Gramado (RS).

O Brasil é o maior exportador mundial e o segundo maior produtor, com uma conversão alimentar média de 1,7, considerada uma das melhores do mundo. Além disso, o país é o terceiro maior consumidor, com um mercado interno que ultrapassa 10 milhões de toneladas anuais. “Entre os três maiores produtores globais, o Brasil apresenta o menor custo por quilo de carne de frango, estimado em US$ 1,46, enquanto nos EUA é de US$ 2,68 e na União Europeia, US$ 2,63”, evidencia o diretor de Assuntos Regulatórios da BRF Foods, José Roberto Gonçalves, enfatizando a importância do Brasil manter o status sanitário como país livre de gripe aviária, um diferencial competitivo fundamental para fortalecer sua presença global.

Conforme Gonçalves, o mercado mundial de proteínas é impulsionado por tendências demográficas. Projeções indicam que a população mundial deve crescer 1,7 bilhão até 2050, especialmente no Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita também deve aumentar, alcançando US$ 16,4 mil até 2028, o que vai favorecer o consumo de proteínas animais.

Sustentabilidade e inovação como diferenciais

Já o diretor executivo de Agropecuária da JBS/Seara, José Antônio Ribas Jr. ressalta que a sustentabilidade e a inovação são cada vez mais essenciais para manter a competitividade no setor. Ele destaca que a avicultura brasileira é 45% menos emissora de carbono por tonelada produzida em comparação à britânica, por exemplo “Produzimos com eficiência e respeito ao meio ambiente, com práticas de manejo sustentáveis e avanços como agricultura 5.0, internet das coisas e automação de processos”, exalta.

A produção brasileira de grãos, fundamental para a cadeia de proteínas, se mostra cada vez mais eficiente. Enquanto a área cultivada cresceu menos que o dobro, a produtividade quadruplicou. Além disso, subprodutos da produção, como dejetos suínos e cama aviária, estão sendo aproveitados para gerar biogás, biofertilizantes e outros insumos de baixo carbono.

Outro desafio apontado por Ribas é a sucessão rural. “É fundamental atrair jovens para o campo, promover lideranças femininas e garantir acesso a finanças e inovação. O futuro do agro depende da transformação digital e da sustentabilidade”, pontua.

Presença no mercado externo

O diretor comercial de Mercado Externo da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Dilvo Casagranda, destaca o papel do Brasil no mercado global. O país lidera as exportações de carne de frango, detendo 38% do mercado mundial, e deve expandir ainda mais sua presença até 2034. “Projeções indicam um aumento de 31,2% nas exportações de carne de frango nos próximos 10 anos. Além disso, o consumo interno também cresce, consolidando o frango como a proteína mais consumida no Brasil”, afirma Casagranda.

Ele também chama a atenção para a importância de diversificar mercados e enfrentar desafios como barreiras comerciais, mudanças climáticas e instabilidades geopolíticas. “O Brasil tem vantagens competitivas, como custo reduzido e sustentabilidade, mas precisa investir em inovações e fortalecer relações comerciais”, enfatiza.

Perspectivas e desafios para o futuro

A produção de alimentos deverá aumentar 50% até 2050 para atender à crescente demanda global. Contudo, os desafios são imensos: mudanças climáticas, desigualdades sociais, desperdícios e questões de segurança alimentar.

Os especialistas concordam que o Brasil está bem posicionado para enfrentar esses desafios, combinando inovação, sustentabilidade e eficiência. Contudo, ressaltam que o setor precisa de profissionais capacitados em áreas como ESG, bem-estar animal, digitalização e sustentabilidade para liderar a próxima era da produção de proteínas. “Com a combinação de vantagens competitivas e iniciativas sustentáveis, o Brasil vai continuar sendo um dos principais players no mercado global de alimentos, atendendo às demandas de um planeta em constante evolução”, salientou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, que mediou o painel.

Fonte: O Presente Rural / Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

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