Renda habitual do brasileiro cai 6,6% no segundo trimestre, aponta Ipea

Brasil economia

Stéfano Salles e Thayana Araújo, da CNN

no Rio de Janeiro17/09/2021 às 09:53

Indicador cresceu 19,5% entre os trabalhadores sem carteira assinada; dados são comparativos com o mesmo período de 2020

A renda habitual do trabalhador brasileiro apresentou queda de 6,6% no segundo trimestre de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, quando o país enfrentou o período no qual a economia brasileira sofreu os impactos mais duros da pandemia de Covid-19, o que afetou o mercado de trabalho. No entanto, no mesmo período, a renda efetiva aumentou 0,9%. Os dados são do estudo “Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2021”, divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado à estrutura do Ministério da Economia.

O levantamento mostra que, no mesmo período, os trabalhadores por conta própria tiveram aumento de renda da ordem de 19,5% e alcançaram 76% do valor habitual. Entre os funcionários do setor privado, o crescimento foi de 2% na renda efetiva. Para os trabalhadores sem carteira assinada, a alta foi de 6,9%.

A pesquisa entende que o aumento da renda habitual média é justificada pelo fato de a perda de postos de trabalho, gerada pela pandemia, tenha se concentrado nos setores de menor remuneração, como construção, comércio, alojamento e alimentação. A desocupação afetou também os trabalhadores por conta própria e os sem carteira assinada, mas preservou os empregados com renda mais alta.

Pesquisador do Ipea e autor do estudo, Sandro Sacchet entende que, por mais que haja sinais de recuperação da economia brasileira com o avanço da vacinação e a redução do número de mortes provocadas pela doença, esse ainda é um trabalho de longo prazo. O total de horas efetivamente trabalhadas está em 78% do habitual, uma jornada média de 30 horas e 42 minutos.

“As horas efetivamente trabalhadas e a proporção de afastados do trabalho não foram afetados pela segunda onda da pandemia de Covid-19. A análise mostra que, apesar da melhora nos rendimentos no segundo trimestre deste ano, a recuperação ainda é lenta. O afastamento da ocupação atinge 16,26% dos trabalhadores, afetando mais de 13,5 milhões”, analisa Sacchet.

Segundo o instituto, o retorno dos trabalhadores informais e por conta própria ao mercado de trabalho fez com que o rendimento habitual médio fosse gradativamente se reduzindo, o que o instituto interpreta como um indicativo de retorno à normalidade no mercado de trabalho.  O estudo indica ainda leve retração no percentual de domicílios sem renda laboral: passou de 29,3% para 28,5%. O aumento da população ocupada no período, de acordo com o Ipea, diminuiu o impacto da perda salarial real.

Os principais afetados pela pandemia foram os jovens adultos entre 25 e 29 anos, que apresentaram queda de 3,2% nos rendimentos efetivos reais médios no segundo trimestre de 2021. No entanto, o dos idosos aumentou 1,3% no mesmo período, devido à elevada proporção de pessoas que trabalham por conta própria nessa faixa etária.

Fonte: CNN Brasil

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