Vulnerabilidade

cultura

por Dhonatas Silva ( Portal Ipirá City) – Sábado, 13 de agosto de 2022

Heloísa e Fábio estavam juntos há cinco anos. Dois de namoro, dois de noivado, e um de casamento. Fábio era um rapaz alto, com corpo esbelto, vivia com o cabelo alinhado, barba degradê, era um homem muito atraente, trabalhava como corretor de imóveis, tinha 25 anos de idade. Heloísa era uma linda mulher, alta, corpo esbelto, visitava frequentemente a academia, tinha 32 anos, trabalhava como contadora. O relacionamento entre eles já não vinha tão bem há algum tempo, desde a época de noivado, por conta de ciúmes de ambas as partes, e brigas bobas sem motivo, qualquer gotinha se tornava uma tempestade entre os dois, mas se amavam muito, então decidiram mudar algumas atitudes que estavam afetando a relação, imaginaram que o casamento e um filho pudessem virar a chave e mudar a vida deles para melhor. O casamento foi maravilhoso, todas as pessoas que eram especiais para o casal marcaram presença. A chegada da pequena Ana Clara encheu os corações dos pais e dos familiares de amor e felicidade. Os meses foram passando, Heloísa decidiu abandonar o emprego para se dedicar a cuidar da casa e da filha, já não tinha tempo para se cuidar esteticamente, não estava sentindo tanta vontade de fazer sexo com o marido, saiu da academia, acabou ganhando muito peso após a gravidez, ela passou a pedir para Fábio algumas coisas, as quais ele não dava a mínima, e nunca via o lado da esposa. Até então, ambos sempre foram totalmente fiéis um ao outro, nem mesmo as turbulentas brigas que já existiam antes do casamento, foram capazes de fazer os dois pensarem em traição, e muito menos em separação. No dia em que eles completariam dois anos de casamento, Heloísa decidiu fazer algumas surpresas para o marido. Era um domingo. Ela acordou bem cedo e já planejava fazer um café da manhã e levar na cama, mas ele já havia saído para o futebol. Ela ficou frustrada consigo mesma por ter esquecido esse detalhe, mas tudo bem, ela tomou o café com a filha. Preparou um belo almoço, com direito a sobremesa, os pratos prediletos de Fábio, tinha tudo pra dar certo, pois ele sempre almoçava com ela e a filha aos domingos, mas passaram-se as horas e nada dele chegar. Ela ligou, mas o celular dele estava desligado ou fora da área de cobertura. O desespero passou a tomar conta de Heloísa. Ela resolveu ir até a casa do melhor amigo de Fábio, Carlos, mas apenas a esposa dele, Caroline, estava lá.

─ Oi Heloísa, tudo bem? Há quanto tempo não nos víamos, não é verdade?

─ Olá Caroline, realmente faz muito tempo desde a última vez que nos falamos, se não me engano foi no meu casamento. E não, não estou nada bem, o Fábio ainda não chegou em casa, estou muito preocupada, com medo de ter acontecido alguma coisa.

─ Isso mesmo, foi no seu casamento, ah você estava tão linda, sem contar que a festa foi um sucesso. Não se preocupe mulher, ele está com o Carlos, devem ter ido tomar algumas cervejas depois do futebol, pegar algumas garotas, homens gostam disso. Não sei se você sabe, mas eu e o Carlos temos um relacionamento aberto, vocês não curtem ficar com outras pessoas? Isso da uma apimentada na relação. Ontem mesmo transamos com outro casal de amigos aqui em casa, quando quiserem experimentar coisas diferentes podem aparecer viu? A propósito, cadê a Aninha?

A cara de Heloísa não escondia o espanto diante de todas as coisas que Caroline acabara de falar. Mas como pode um casal se sujeitar a se relacionar com outras pessoas e tá tudo bem? Ela se perguntou.

─ Aninha está na casa da minha mãe, a levei pra lá depois do almoço, com a pretensão de saber notícias sobre o meu marido, e quando o encontrasse tinha a intenção de passar o resto do dia junto com ele, afinal, hoje estamos completando dois anos de casamento, queria inaugurar minha lingerie vermelha nova essa noite, mas já não sei se ele passará a noite comigo ou com outra pessoa.

─ Relaxa mulher, faz o seguinte, vem pra cá às 19 horas, convidei dois amigos para passar a noite comigo, o Carlos já sabe, ele já até me confirmou que só chegará amanhã bem cedo. É bom que não precisarei aguentar os dois sozinha (risos). Aproveite e venha com a sua lingerie vermelha.

Heloísa não respondeu nada, deu um sorriso sem graça, se despediu e foi para casa muito pensativa. Enquanto isso Fábio e Carlos saíram do futebol direto para um barzinho reservado, passaram a tarde conversando. Fábio estava de carona com o amigo que pediu para entrar no carro, pois o levaria para um lugar especial. A princípio Fábio não queria ir, afinal, já havia deixado de almoçar com a família e

estava ficando tarde, mas o amigo conseguiu convencê-lo e disse que não iriam demorar. Seguiram.

─ Pronto Fábio, chegamos!
─ Ué, mas que lugar é esse Carlos, um bordel?

─ Isso mesmo seu danadinho, achou que eu iria te levar pra onde, pra uma igreja? (risos)

Fábio ficou muito chateado e ameaçou ir embora, mas o dono do carro se recusou a ir e ele não conhecia mais ninguém naquele lugar. Logo se aproximaram três mulheres oferecendo bebidas e os chamando para os quartos. Carlos prontamente seguiu com duas das mulheres, Fábio se sentou numa cadeira em uma mesa solitária e pediu uma cerveja, depois outra, e outra. Heloísa estava sozinha em casa angustiada, passou a tarde tomando vinho, revendo as fotos do casamento e comendo chocolate, já estava bêbada. Chegou uma mensagem no celular dela, era Caroline perguntando se ela iria. Quando Heloísa olhou a hora, faltavam vinte minutos para as 19 horas, decidiu tomar um banho e foi para a casa de Caroline. Chegou. Caroline apresentou os rapazes, um já era conhecido de Heloísa, Paulo era um ex-namorado dela, enquanto o outro, Jorge, ela só conhecia de vista mesmo.

─ Helô, é o seguinte eu irei ficar com o Jorge lá no meu quarto, você e o Paulo podem ir para o quarto de hospedes.

Seguiram. Não demorou muito para Heloísa e Paulo começarem a ouvir os gemidos de Caroline, acredito que toda a vizinhança ouvia.

O dia amanheceu. Carlos passou pela casa do amigo para deixá-lo, mas não tinha ninguém, e Fábio estava sem a chave de casa e com o celular descarregado. Seguiram para a casa de Carlos. Já estavam chegando quando de longe avistaram um carro com dois rapazes saindo da casa dele.

─ Carlos, quem são aqueles dois caras saindo da sua casa? Rápido, pode ter sido um assalto, Caroline pode estar em perigo.

─ Calma Fabinho, você não os conhece? Eram Paulo e Jorge, eles passaram a noite com a minha mulher, tá tudo bem.

─ Quê? Você é maluco? Você deixa sua mulher ficar com outros caras?

Assim que Carlos parou o carro na frente da casa, Heloísa saiu, arrumando o cabelo e agradecendo a Caroline pela noite.

─ É Fabinho, acho que a Heloísa também aproveitou bem a noite, tá tudo bem meu camarada, eu curti, minha esposa curtiu, a sua curtiu e você…

Antes que Carlos terminasse a fala, Fábio pegou-o pela gola da camisa.

─ Você tá maluco mano, eu não fiquei com ninguém, bebi e peguei no sono, vim acordar só na hora de vim embora, eu nem queria ter ido, ontem eu e a Heloísa completamos dois anos de casados, comprei um belo presente pra ela, mas agora não sei se ainda vale a pena entrega-la.

─ Me solta mano, vai me culpar também por ela ter vinda passar a noite na minha casa? Se toca pow, talvez você tenha deixado a desejar na cama, e ela veio curtir uma noite, só isso. Não vai atrás dela?

─ Não, deixa ela ir, vou aproveitar que ela não me viu e vou sumir no mundo. Heloísa foi buscar a filha na casa da mãe, e dona Celma logo perguntou por Fábio. ─ Ele viajou a trabalho mãe, mas acredito que chegará a qualquer momento.
─ E que cara é essa minha filha, passou a noite em claro?

Heloísa desconversou, pegou a filha e seguiu para casa. Fábio chegou em um bar e pediu uma cerveja, o dono do bar estranhou ele por ali logo cedo, mas serviu o pedido, Paulo e Jorge também estavam no bar, estavam comendo coxinha com tubaína. Fábio não os conhecia, estava com a cabeça a mil, sem saber o que fazer. Ficou ali tomando a cerveja e ouvindo a conversa dos rapazes.

─ Paulo, eu tô te falando cara, a mulher do Carlos é profissional pow, cê é loco, ela usa a boca como ninguém, senta de um jeito que meu Deus do céu, e geme alto pra caralho. (risos). Mas fala ai, como foi com a Heloísa, relembraram os velhos tempos?

─ Que nada, não rolou nada entre a gente, mas garanto que minha noite foi melhor que a sua. Ela salvou meu casamento cara, me disse varias coisas que me fizeram repensar sobre minhas atitudes com a minha esposa. Passamos a noite conversando, ela falou que ontem estava completando dois anos de casamento, que

amava o marido dela com todas as forças e que estava disposta a ser uma esposa melhor para salvar o casamento dela e voltar a ser feliz com o Fábio.

Fábio deu um pulo da mesa, derrubou o copo, a garrafa, se molhou todo e partiu em direção aos dois rapazes.

─ Velho muito obrigado, Paulo né? Muito obrigado mesmo, você acaba de salvar o meu casamento.

─ Como assim cara, quem é você?

─ Sou o Fábio da sua história!

Os rapazes ficaram boquiabertos, enquanto Fábio partiu às pressas para encontrar com sua amada esposa, inclusive esqueceu-se de pagar a conta, mas Paulo fez questão de quitar. Chegando em casa, ele bateu na porta, Heloísa abriu e antes que dissesse uma palavra, Fábio a beijou.

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