Líder do Governo Lula no Senado, o senador Jaques Wagner (PT) rebateu, na manhã desta segunda-feira (22), as críticas que recebeu de aliados após a votação do Projeto de Lei da Dosimetria. Em entrevista à Rádio Metrópole, o petista afirmou que nunca defendeu o mérito da proposta, destacou que votou contra o texto e classificou como “fake news” as acusações de que teria negociado a pauta.
Wagner explicou que o projeto chegou ao Senado já aprovado pela Câmara e que havia uma maioria consolidada para a votação tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quanto no plenário. Segundo ele, os senadores governistas tentaram, sem sucesso, adiar a apreciação do texto. “Fizemos três tentativas de adiar a votação na CCJ, com pedido de audiência pública e mudança de data, mas perdemos todas por 15 a 11. Estava consagrado que eles tinham maioria”, afirmou.
O senador também ressaltou que a votação ocorreu em formato virtual, o que, segundo ele, dificulta o debate. “É um outro problema, porque você não tem muito controle, não vê as pessoas, é difícil fazer o debate. Bastava estar com o celular para votar”, disse.
Wagner relatou que, no mesmo dia da votação, participava de uma reunião ministerial, quando conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema. “O presidente disse que, se votassem, ele vetaria mesmo. Então, não mudava muito”, contou. Diante disso, decidiu ir pessoalmente à CCJ para acompanhar a sessão e tratar também de outros projetos de interesse do governo, como a proposta de taxação de apostas, bancos e bilionários.
De acordo com o líder do governo, a decisão de não insistir em um pedido de vista foi estratégica. “O jogo já estava jogado. Na minha opinião, adiar não ia mudar nada. O que me interessava era votar para terminar o ano com o orçamento aprovado”, explicou. Ele negou qualquer negociação envolvendo o mérito da dosimetria. “Nunca defendi e nem votei. Votei contra. O PT fechou questão contra a dosimetria e o governo do presidente Lula orientou voto contrário”, reforçou.
Para Wagner, o Congresso atual tem perfil conservador. “Eu, infelizmente, não tinha maioria nem na Câmara, nem no Senado. Esse é um Congresso conservador e acabou aprovando essa dosimetria”, avaliou.
O senador voltou a afirmar que o presidente Lula irá vetar o projeto. “O presidente vai assinar o veto daqui até o dia 8 de janeiro. Não muda a minha posição nem a posição do presidente”, disse, lembrando que a data marcará um ato em defesa da democracia, em referência aos ataques às instituições ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
Por fim, o senador disse estar tranquilo com sua atuação. “Não negociei dosimetria, não negociei nenhuma pauta fundamental para o governo brasileiro. Fiz uma condução para atingir o objetivo que nós tínhamos. Para a minha consciência também, que sou contra a dosimetria”, concluiu.
Fonte: Política Livre