2 de julho: o equívoco no comando que fez do corneteiro Lopes um herói da Independência

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Apesar de ser colocada em dúvida, a atitude do militar teria virado o jogo para os brasileiros em uma batalha que estaria claramente perdida contra os portugueses

Em uma Salvador dominada pelas tropas portuguesas sob os combates da legião de brasileiros contra a superioridade do exército lusitano, o equívoco de um militar teria sido o responsável por levar o Brasil a “vencer” a “Batalha de Pirajá”.

No episódio em que o Cabo Corneteiro Luís Lopes foi alçado à posição de herói, a capital baiana estava sob domínio dos representantes de Portugal, e, de acordo com os poucos e questionáveis documentos disponíveis sobre este caso, os combatentes brasileiros não teriam qualquer chance, e só levaram a melhor após os oponentes recuarem do campo de batalha.

Mais preparado tecnicamente e detentor de uma quantidade maior de armas, o exército português avançava sem oferecer chances às tropas do Brasil, o que teria motivado o comandante Barros Falcão a ordenar que os brasileiros recuassem.

Só que em vez do toque de “recuar”, o corneteiro Lopes teria dado o sinal de “cavalaria avançar” e, logo após, teria entoado o toque de “degolar”. Diante da ameaça, as tropas lusitanas bateram em retirada, supondo que aquele grupo de brasileiros, até então vulnerável, havia recebido reforços.

O historiador Cid Teixeira teve oportunidade de dizer que preferia acreditar no testemunho presencial de Ladislau dos Santos Titara, soldados que foi o autor do Hino ao Dois de Julho e lutou na batalha. Titara afirmou ter ouvido o toque de “cavalaria, avançar”.

Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, o Barão de Cajaíba, era comandante da Legião de Caçadores da Bahia, uma das unidades que participaram do combate de Pirajá. De acordo com seu relato, o episódio com o Corneteiro Lopes é verdadeiro.

O acontecimento marcante da guerra da Independência do Brasil na Bahia é retratado em um curta metragem do cineasta e diretor Lázaro Faria sobre a Batalha de Pirajá. A película chamada “O Corneteiro Lopes”, de 2003, destaca esse recorte histórico das batalhas.

Dois meses após D. Pedro I proclamar a Independência do Brasil, supostamente às margens do Rio Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, os portugueses mantinham a dominação de Salvador, cercados pela terra e o mar da Baía de Todos os Santos. Naquele contexto em que a resistência dos brasileiros estava prestes a ruir, o erro de um militar acabaria sendo fundamental para o que aconteceria logo mais, no Dois de Julho.

Para o professor e historiador Ricardo Carvalho, o Corneteiro Lopes “é um típico personagem histórico em que o fato ficou muito maior que o próprio personagem. Se sabe muito pouco sobre ele. O que se sabe é que ele realmente era o Corneteiro, que era uma espécie de leva e traz da informação, que se utilizava dos toques da corneta já que não tinha outra forma de comunicação que fosse mais rápida e precisa”.

Segundo o professor Ricardo, “o fato é que ao tocar a ordem de ‘avançar’ em lugar da orientação para ‘recuar’, as tropas baianas estavam fortalecidas para atacar o inimigo que se sentiu vulnerável diante da possibilidade de encontrar uma resistência maior”.

E assim, o Cabo Corneteiro Lopes entra para a história como herói e está entre aqueles lembrados pelo papel fundamental nas batalhas que resultaram na Independência do Brasil, após o 2 de julho de 1823.

Fonte: Bahia.ba

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