Racismo em campo: o papela do negro no esporte nacional

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Apesar da relevância de atletas negros, discussões raciais ainda são coadjuvantes por aqui

Em pleno século 21 ainda vemos a impunidade imperar em alguns meios. Vivemos nesta época, não só no Brasil, mas principalmente aqui, um tempo assustador e sombrio quando se fala em racismo

Podemos presenciar artistas serem hostilizados em palcos, pessoas sendo tratadas como animais em seus locais de residência, pessoas sendo descobertas tendo vida análoga à escravidão, crianças sendo largadas a sua sorte (ou azar) e morrerem ao caírem de prédios por não terem a noção do perigo, e tudo isso porque essas pessoas carregam suas culpas impressas na cor de sua pele.

Ser negro no Brasil é carregar a culpa na pele. É ter sua humanidade reconhecida pelo viés da criminalidade, herança da escravatura. No esporte não tem sido nada diferente. O futebol que já trouxe tantas alegrias ao Brasil com craques como PeléGarrinchaDidiCarlos AlbertoRomárioCafú, entre tantos outros negros, têm sido palco de ataques racistas aos atletas contemporâneos.

A impunidade que impera

Quando citei que vivemos um tempo assustador, me referia ao ritmo acelerado de informações que temos ao nosso alcance hoje e, mesmo assim, a discriminação racial impera impune e segue adiante. 

Temos visto que nos casos de racismo no futebol a represália e a comoção há quando a imprensa escrita, falada e televisionada comenta o caso. Em algumas situações vemos clubes sendo responsabilizados, mas o interesse pelo assunto para por aí. 

Melhor dizer, não há interesse em inibir com rigidez os racistas a se manifestarem desta forma, embora saibamos que houve um avanço no trato com tais questões dentro do meio futebolístico.

É inevitável perceber o relacionamento da liberdade de manifestações racistas hoje em dia em nosso país, talvez pela ascensão de grupos radicais que usam de subterfúgios políticos para impetrarem aos negros, a pesada carga racial de subserviência, ou seja, tudo é motivo para tentar lembrar o lugar do negro no escalonamento social desajustado que o Brasil foi alicerçado. 

Distribuição assimétrica de poder, racismo. Enquanto isso, nos portões de fora dos ricos estádios de futebol, meninos e meninas negros que sonham com o mundo do futebol, devem ainda se preocupar com suas condições intelectuais e psicológicas para, mais uma vez, serem fortes diante de atos discriminatórios.

Ser negro no Brasil é resistir todos os dias, a não ser que o negro faça um lindo gol de placa e erga a taça de campeão do mundo em novembro. Condição que o fará branco diante de uma sociedade convenientemente daltônica.

Paulo Sergio Gonçalves —Doutorando em Literaturas Africanas e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Estácio

Fonte: Aventuras na História

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