POR ANDREA TRINDADE – Domingo, 27 de agosto de 2023
Neste domingo (27), as principais ruas do centro da cidade de Feira de Santana viraram, mais uma vez, pista de atletismo para trabalhadores de diversas áreas que encaram o desafio da corrida, seja para superar recordes pessoais, seja para se tornarem atletas profissionais.
Ao final da Corrida da Casa Esportiva, o Acorda Cidade conversou com alguns destes atletas amadores que conciliam as atividades normais do dia a dia e trabalho com muito treino a ponto de vencer provas de 5, 10 e 15 km.
O barbeiro Givanildo Sampaio, 31 anos, mora em Baixa Grande, e iria correr em outra cidade, mas acabou optando por Feira de Santana. Ele venceu a prova masculina de 10 km e estava muito feliz com seu desempenho.
“Eu queria fazer 15 km, mas não tinha mais vagas e então eu me inscrevi na de 10. Eu me preparo há mais de seis anos. É gratificante correr. A gente trabalha e se esforça bastante e Deus aponta o dedo para os mais esforçados”, disse.
Campeão dos 15 km, Givaldo Sena é natural de Irará e reside há sete anos em Feira de Santana. Ele finalizou a prova em cerca de 47 minutos.
“Sou lavrador, nascido numa família humilde, descobri o atletismo e graças a Deus agora estou competindo e tendo bastante resultado. Faço parte da equipe Tartaruga com Salto, com os professores Vinny Brito e Rafael, estamos desenvolvendo bons treinos para maratonas e graças a Deus está dando tudo certo”, ressaltou.
Maria Santos de Jesus, 34, trabalha numa clínica odontológica. Ela chegou em primeiro lugar na prova feminina ao percorrer 15 km em 1 hora e 3 minutos. Ao Acorda Cidade ela informou que é bicampeã e disse qual é a chave do sucesso.
“É muita disciplina e treino. A chave do sucesso é essa aí. Me considero bicampeã. Venci no ano passado e neste ano, na mesma distância. Monto uma planilha e consigo trabalhar e treinar. Quero fazer a maratona de Salvador em setembro”, afirmou.
Roseane Soares, 33 anos, é professora de educação física, e é bicampeã nos 5 km.
“Tenho buscado sempre baixar meus tempos, nos 5, nos 10 e nos 21 km também. Na última corrida que foi realizada aqui em Feira, a do Sesc, eu bati no RP e hoje bati novamente. Estou tendo a honra hoje de ser bicampeã. Venci ano passado nos 5 km e neste ano novamente, só que um tempo bem menor. O importante é a constância nos treinos.”
O Acorda Cidade conversou também com outro bicampeão. É o motorista de caminhão de carga, Jackson Brito. Ele tem 33 anos e percorreu 5 km em 17 minutos de prova.
“Já vim para cá decidido que eu iria ganhar. No ano passado fui campeão e neste ano estou sendo de novo. Me consagrei bicampeão, graças a Deus. Treino todos os dias da semana e só descanso na véspera da prova. Estou firme e forte.”
Durante a corrida, as histórias de superação se multiplicavam. Profissionais que enfrentaram longas jornadas de trabalho, pessoas com deficiência, estudantes que equilibraram suas agendas e pais e mães que conciliaram a responsabilidade familiar com o treinamento físico – todos eles compartilhavam a determinação de cruzar a linha de chegada.
Tomas de Oliveira, 35 anos, é cadeirante há 12 anos. Ele contou que foi ferido com um tiro na perna ao tentar separar uma briga, e a lesão o deixou sem o movimento das pernas.
Ele sempre praticou atividades físicas e a deficiência não o tirou do foco. Hoje ele tem grandes sonhos no esporte.
“Procurei uma forma de estar sempre me movimentado. Sempre pratiquei esportes, e encontrei no ciclismo e no atletismo essa maneira de praticar coisas que eu fazia antes da deficiência. Fui vendo vídeos, tem o apresentador da Rede Globo, Fernando Fernandes, que é uma inspiração para a maioria dos cadeirantes do Brasil, ele é atleta profissional, e encontrei no atletismo a inspiração. A força que eles usam com as pernas eu uso com os braços, a dificuldade é a mesma. Meu sonho é me tornar um atleta profissional no paraciclismo, participar das competições nacionais e quem sabe até as internacionais. Não custa nada sonhar”, declarou.
Uma das organizadoras da corrida, Margareth Cedraz, da RG+, empresa que realiza e gerencia provas de corridas de ruas em Feira de Santana, disse ao Acorda Cidade que o número de participantes desta segunda edição da Corrida Casa Esportiva superou a da primeira, no ano passado.
“É a segunda edição da corrida, quase dobramos o número de participantes da primeira edição, principalmente pelo desafio, que é o 15 km, e o percurso inovador onde levamos os atletas a percorrerem as principais ruas do centro histórico de Feira de Santana. Eles passam pela Avenida Senhor dos Passos, Marechal Deodoro, Conselheiro Franco, Sales Barbosa, Casarão Eduardo Fróes da Mota, até a Getúlio Vargas e Nóide Cerqueira.”
Ela finaliza falando sobre a importância da corrida. “A corrida é uma importante atividade física porque mexe de forma simultânea com todos os órgãos, causando bem-estar. As pessoas que praticam corrida são viciadas em corrida, e além do bem-estar e da atividade física, a corrida de rua é um excelente antidepressivo, indicado por todos os terapeutas. É um esporte altamente democrático porque basta tu colocar um tênis, um shorts e uma camisa e a rua é tua e tu vai correr. É um esporte delicioso e temos incentivado”, destacou.
No total 1.200 pessoas se inscreveram na corrida, mas além deles correram também os chamados pipocas, pessoas que não conseguem fazer a inscrição, mas participam da corrida acompanhando todo o percurso ao mesmo tempo.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade