Eleições no Congresso: Pacheco conta votos, enquanto Lira busca recorde

Brasil

Atuais presidentes apostam na reeleição, mas disputa no Senado ainda está indefinida

Duas disputas, em um mesmo dia, com cenários completamente diferentes vão definir a cara do Congresso de 2023. Os atuais presidentes das Casas Legislativas tentam a reeleição. De um lado, o deputado Arthur Lira (PP-AL) tem a vitória na Câmara como certa, com apoio da grande maioria dos partidos, e segue em negociações para tentar um recorde de votos. Do outro, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tenta reverter o crescimento do seu principal opositor, o senador Rogério Marinho (PL-RN).

Apenas um opositor a Lira havia sido anunciado até a véspera da disputa. O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) – que já esteve em pleitos anteriores, como em 2015, contra Eduardo Cunha — aparece como uma candidatura simbólica, mais para marcar uma postura de oposição do que efetivamente para concorrer à presidência, conforme aponta o analista político André Santos. O atual presidente conta com votos de deputados do PL, de Jair Bolsonaro, ao PT, de Luiz Inácio Lula da Silva.

“É uma situação de partido que tem apoio do governo e oposição ao Lira. No caso, o PSol está em uma janela para fugir do que seria, em tese, perder o apoio do governo federal. No caso de outro partido, eu acho difícil [aparecer um candidato]. Quem for fazer oposição ao Lira vai fazer também ao governo federal”, pondera o sócio-diretor da Contatos Assessoria Política.

O consultor político também considera que Lira deve ter um grande apoio de deputados, e atribui as indicações de bom desempenho dele aos movimentos feitos desde o período de transição de governo. “A candidatura atual está bem consolidada. Arthur Lira, quando se lança pré-candidato ainda na transição, já estava se posicionando. Com a ajuda de parlamentares na campanha, fez uma série de acordos nas votações e na aprovação de auxílios, com emendas de parlamentares a alguns grupos. Isso foi consolidando o nome dele”, avalia.

Aperto
Pacheco também é apontado como favorito à recondução, mas um movimento tem crescido rapidamente nos últimos dias. Mesmo com o apoio recente do MDB – partido que pode dar a ele sete votos, com exceção da senadora Ivete da Silveira (SC) – o mineiro enfrenta dificuldades dentro do próprio partido. 

Três senadores do PSD afirmaram que não votarão em Pacheco, pois apoiam o candidatao de Bolsonaro, Rogério Marinho. São eles: Nelsinho Trad (MS), Lucas Barreto (AP) e Samuel Araújo (RO). Os correligionários do atual presidente anunciaram a oposição citando posições políticas e acenos às bases eleitorais.

Parte do governo, que não havia se manifestado com veemência, veio a público defender o nome de Pacheco para o comando do Senado. Entre eles, estão a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB). Político eleito ao Senado nas últimas eleições, Dino deve se afastar momentaneamente do Executivo para votar em Pacheco, nesta 4ª – assim como outros ministros de Lula que estão no Senado.

O grupo de Marinho conta com o apoio de parlamentares do bloco PL, PP e Republicanos. Com uma base conservadora, o candidato lida com a possibilidade de dividir alguns votos com o também bolsonarista Eduardo Girão (Podemos-CE), que defende uma candidatura avulsa. 

Entre os conservadores, no entanto, as invasões de 8 de janeiro podem pesar e dar algum fôlego a Pacheco. O consultor André Santos também aponta que os acontecimentos, desde a posse, de apoiadores radicais ao bolsonarismo, deram mais espaço ao senador do PSD – assim com a Lira, na Câmara. O que pode impulsionar o apoio aos dois políticos.

“Tudo isso vem, de certa forma, unindo oposição antes e hoje, inclusive grupos de opositores do presidente Lula, mas reunidos de forma mais democrática para restabelecer o diálogo nos Poderes. Isso está favorecendo, sim, a reeleição dos dois membros”.

Fonte: SBT News