Faculdade de Medicina da Ufba inaugura 1º centro de pesquisa da saúde da população negra e indígena da Bahia

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 Por Larissa Almeida para CORREIO

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB/Ufba) inaugurou, na manhã desta terça-feira (30) o Centro Internacional de Estudo e Pesquisa da Saúde da População Negra e Indígena (CIEPNI) na sua sede, no Largo Terreiro de Jesus. A iniciativa, que é a primeira do estado, tem o objetivo de expandir os estudos e pesquisas em saúde voltados para essas duas populações, bem como para as comunidades tradicionais, incluindo os quilombolas. Na sessão inaugural, as primeiras perspectivas do centro foram discutidas por entidades representativas da medicina baiana, representantes universitários e políticos.

Antônio Alberto Lopes, diretor da FMB, destacou que o centro é uma das primeiras concretizações da sua promessa de campanha. Ele, que sempre esteve envolvido em pesquisas que se debruçam sobre a saúde das pessoas negras, disse que não poderia restringir o centro a somente um grupo étnico, de forma que a intenção é deixar um legado diverso. “Não só é importante trazer os estudos, pesquisas e aglutinar pessoas em prol disso, mas criar uma nova geração de negros e indígenas para se tornarem protagonista da sociedade. Nós vamos ter mais pesquisadores negros e indígenas, e essa é a função do centro também”, disse.

No primeiro momento, o CIEPNI vai integrar pesquisas relacionadas à saúde das populações negra e tradicional que já existem na Universidade Federal da Bahia, de modo a desenvolvê-la sob perspectivas multidisciplinares, com pesquisadores de todo o Brasil e de fora do país. A partir daí, o intuito é produzir resultados e dados que, futuramente, possam servir de aparato para a elaboração de políticas públicas.

Reitor da Ufba, o professor Paulo César Miguez esteve presente no evento e exaltou a proposta do projeto. “A Faculdade de Medicina, uma vez mais, se apresenta diante de desafios importantes do nosso estado e da nossa sociedade. Eu tenho absoluta certeza do sucesso que alcançará o trabalho que será desenvolvido por esse centro. São trabalhos que resumem pesquisas de longa data que têm sido feitos no laboratório da nossa universidade e nos grupos de pesquisa, e esse centro agora garantirá uma possibilidade de alavancar o conhecimento”, afirmou.

Entre as pesquisas que já foram integradas ao CIEPNI, estão estudos sobre as populações de pescadores quilombolas de Santo Amaro e Maragogipe, a saúde alimentar das marisqueiras quilombolas e doenças mais recorrentes nas populações negras, como a anemia falciforme, a diabete mellitus e hipertensão arterial.

Para Marilda Gonçalves, pesquisadora Instituto Gonçalo Moniz (IGM) da Fiocruz Bahia e professora do curso de Farmácia da Ufba, o centro é a realização de um sonho. “Para quem, como eu, trabalhou por 20 anos com estudos sobre doença falciforme na população negra, esse centro é a realização de um sonho que está se concretizando. Não se pode medir esforços para que realmente dê certo. A Fiocruz está à disposição para participar de várias atividades com todos os nossos pesquisadores”, garantiu.

No ponto de vista de Vanessa Pataxó, estudante do Mestrado em Medicina na Ufba, o centro também vai ocupar um lugar importante na produção conjunta de conhecimento sobre as populações que protagonizam esses estudos. “Nós produzimos ciências dentro das comunidades, mas ainda não têm espaço dentro da universidade para isso. É uma pauta muito importante aliada construção coletiva, que tem a participação ativa dos nossos povos, dos nossos pensamentos, das nossas formas de ver e fazer. Vai contribuir bastante porque é um desafio muito grande. Quando falamos de comunidades tradicionais, tem-se uma diversidade dentro desse eixo, então tem que trabalhar e contemplar essas diferentes vozes e trazer uma visão ampla”, ressaltou.

Além dos grupos de pesquisa, serão feitos seminários, palestras e congressos a partir dos estudos do CIEPNI, com o objetivo de democratizar o conhecimento científico por meio de visitas públicas e comunicação utilizando as redes sociais. O diretor da FMB também falou sobre a implementação de premiações das melhores dissertações tendo como temática a saúde da população negra e indígena, também como forma de incentivo à adesão desses estudos.

Fonte: Alô alô Bahia / Arisson Marinho/CORREIO

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