Medicamentos da atenção básica desapareceram das prateleiras em várias partes da Bahia

Bahia saúde

Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 21 de julho de 2022

Dipirona, amoxicilina, paracetamol e até soro fisiológico costumavam ser medicamentos e insumos facilmente encontrados nas prateleiras de farmácias. Agora, eles parecem ter sumido. E não são só eles. Um levantamento feito pelo Sindicato dos Farmacêuticos da Bahia (Sindfarma) apontou que 33 medicamentos de atenção básica estão em falta no estado.

De acordo com a farmacêutica responsável pelo Centro de Informação do Conselho Regional de Farmácia (CRF-BA), Maria Fernanda Barros, esse desabastecimento já vem dando sinais há alguns anos, mas em janeiro de 2022 o cenário ficou ainda mais complicado.

“Desde então, temos recebido relatos de falta de medicamentos hospitalares, de medicamentos específicos para algumas patologias e até de analgésicos e antibióticos em farmácias de rede, pequenas ou comunitárias”, relata.

A farmacêutica relaciona o desabastecimento de medicamentos hospitalares a uma série de fatores: a falta de matéria prima ocasionada pela guerra na Ucrânia; o crescimento da demanda por conta da explosão de viroses respiratórias; o lockdown na China, que dificultou a exportação de insumos essenciais para o mercado e a própria pandemia da Covid-19, responsável por fazer priorizar a fabricação de alguns medicamentos em detrimento de outros.

Um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou que 80% das cidades brasileiras têm falta de medicamentos. Entre elas, 68% indicaram a falta de amoxicilina e 66% têm ausência de dipirona. Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, é um desses municípios.

Na última semana, a prefeitura da cidade fez um alerta sobre a falta de 60 dos 375 medicamentos fornecidos pela Secretaria de Saúde nas farmácias das unidades de saúde do município. Entre eles, estão a loratadina (utilizado em crises alérgicas), azitromicina (antibiótico), prednisolona (anti-inflamatório), além de dipirona.

O desabastecimento leva a uma elevação nos preços. Em Camaçari, por exemplo, a média de R$5 milhões gastos anualmente com medicamentos foi atingida apenas nos primeiros seis meses de 2022. 

A Secretaria da Saúde da Bahia também já sinalizou estoque zerado para 28 medicamentos de alta complexidade, fornecidos pelo Governo Federal. Remédios utilizados no tratamento de aids, esquizofrenia, parkinson, epilepsia, entre outros. A pasta atribui a situação e o risco da ausência de outros 45 produtos a atrasos do Ministério da Saúde.

Fonte: Metro1