Bombeiros combatem um incêndio no estúdio Kyoto Animation em Kyoto, Japão, em 18 de julho de 2019. Kyodo/Reuters

Tribunal do Japão condena homem à morte por incêndio em estúdio

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Ataque deixou 36 mortos no pior assassinato em massa do país em quase 20 anos

Um tribunal japonês condenou na quinta-feira (25) um homem de 45 anos à morte por atear fogo ao renomado estúdio Kyoto Animation em 2019, o que deixou 36 mortos no pior assassinato em massa do país em quase 20 anos, segundo a emissora pública NHK.

O réu, Shinji Aoba, foi acusado de homicídio e incêndio criminoso depois de dizer à polícia que seu trabalho havia sido plagiado e que ele usou gasolina para atear fogo ao estúdio. Ele foi considerado culpado pelo Tribunal Distrital de Kyoto na quinta-feira.

Dezenas de pessoas estavam dentro do prédio de três andares no momento do incêndio, que se espalhou tão rapidamente que muitos não tiveram tempo de escapar, disse a polícia na época. Todos os que morreram eram funcionários, com pelo menos 32 outros feridos.

Na sua decisão, o juiz presidente do tribunal, Keisuke Masuda, classificou o crime de Aoba como “verdadeiramente atroz e desumano”. As mortes das vítimas foram “muito graves e trágicas”, disse Masuda, descrevendo como as chamas e a fumaça envolveram o estúdio.

“O horror e a dor das vítimas que morreram no Estúdio 1, que se transformou num inferno num instante, ou que morreram depois, são indescritíveis”, disse o juiz.

Em entrevista coletiva em 2019, a polícia disse que Aoba tinha problemas de saúde mental não especificados.

Ele se declarou inocente no julgamento, que começou em setembro passado, e seus advogados de defesa argumentaram que ele tinha um transtorno mental e não poderia ser responsabilizado criminalmente.

Os promotores, entretanto, pediram a pena de morte, argumentando que Aoba era totalmente competente.

Entre as democracias industrializadas, apenas o Japão e partes dos Estados Unidos mantêm a pena capital. Grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, afirmam que o direito internacional proíbe o uso da pena de morte contra pessoas com deficiência mental.

Na quinta-feira, o juiz decidiu que Aoba poderia determinar o certo e o errado no momento do incidente, segundo a NHK. Sua capacidade de responsabilidade foi “determinada como não sendo nem louca nem mentalmente incompetente no momento do crime”, informou a NHK.

O incêndio marcou o pior assassinato em massa no Japão desde o incêndio criminoso em 2001 em um prédio no distrito de Kabukicho, em Tóquio, que matou 44 pessoas. O número de mortos também ultrapassou o infame ataque com gás sarin de Tóquio a um metrô em 1995, que matou 13 pessoas.

O ataque de Kyoto deixou fãs em todo o mundo lamentando a perda de vidas e um estúdio que afirmava colocar seus funcionários em primeiro lugar e era uma grande força na indústria.

Fundada em 1981, a Kyoto Animation – conhecida como KyoAni – ganhou fama ao produzir animações de alta qualidade que se baseiam tanto no místico quanto no mundano.

Seus trabalhos populares incluem a série animada “Free!”, a série de mangá “K-On!”, a adaptação de anime para TV de “The Melancholy of Haruhi Suzumiya” e “Violet Evergarden”, que a Netflix adquiriu em 2018.

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Fonte: CNN