General próximo de Prigozhin é afastado do cargo

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Conhecido como “General Armagedom”, Sergei Surovikin não é mais chefe das Forças Aeroespaciais da Rússia. Ele comandou as tropas russas na Ucrânia até janeiro, mas caiu em desgraça após a marcha do Grupo Wagner a Moscou.

Quinta, 24 de agosto de 2023

O general Sergei Surovikin, chefe das Forças Aeroespaciais da Rússia e conhecido pela proximidade com líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, foi afastado do cargo. Ele será substituído interinamente pelo general Victor Afzalov, informou a agência de notícias estatal RIA Novosti nesta quarta-feira (23/08). A informação veio a público pouco antes da queda do avião onde estaria Prigozhin.

Surovikin, de 56 anos, apelidado de “General Armagedom” pelas campanhas sangrentas que empreendeu na Síria, também foi removido automaticamente do cargo de vice-comandante das forças russas que operam na Ucrânia desde a invasão iniciada em fevereiro de 2022.

O general havia assumido o comando das tropas em outubro do ano passado, mas foi substituído em janeiro de 2023 pelo chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, depois de ordenar a retirada de parte do contingente da região ucraniana de Kherson.

Sob Surovikin, as forças russas atacaram alvos civis na Ucrânia com crueldade, mas não conseguiram obter vitórias militares. No outono europeu passado, o general organizou a retirada das tropas russas da cidade de Kherson. Ao fazer isso, evitou uma derrota militar ainda maior.

Ao longo do inverno europeu, ficou cada vez mais claro para os generais russos que não haveria avanços militares concretos na Ucrânia. Pelo contrário, as forças ucranianas tiveram – e continuam tendo – sucesso na realização de contra-ataques em vários setores do front.

Como resultado, a frustração na Rússia continuou a proliferar sob Surovikin. As expectativas de Putin de uma vitória rápida sobre a Ucrânia não se concretizariam.

A ruína de Surovikin

A decepção foi expressa mais claramente pelo chefe do grupo de mercenários Wagner. Prigozhin culpou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, pela falta de sucesso militar. Para ele, com Surovikin no comando, os seus homens nunca teriam tido problemas com o fornecimento de equipamento e munições.

Descontente, Prigozhin apostou em uma revolta com suas tropas mercenárias em junho, marchando em direção a Moscou – mas foi dissuadido a desistir.

De acordo com blogueiros militares russos, Surovikin sabia dos planos de Prigozhin. Inicialmente, manteve silêncio sobre a revolta do chefe mercenário, assim como muitos generais russos. Por fim, condenou-o publicamente.

Mas a repreensão veio tarde demais. Para muitos observadores em Moscou, está claro que a proximidade de Surovikin com Prigozhin foi sua ruína.

Após o fim da rebelião de Prigozhin, Surovikin foi preso, interrogado e desapareceu dos olhos do público. Nem mesmo sua família teve contato com ele. De acordo com relatos da mídia, ele já foi afastado do cargo, mas permanece sob a “autoridade do Ministério da Defesa”.

Brutalidade na Síria

Surovikin liderou, com exceção de alguns meses, o contingente militar russo na Síria entre 2017 e 2019, pelo que recebeu das mãos de Putin a homenagem de Herói da Rússia.

Ficou conhecido como “General Armagedom” pela brutalidade das suas operações contra cidades como Aleppo, controladas pela oposição ao líder sírio Bashar al-Assad.

Organizações de direitos humanos acusam Surovikin de ser responsável por vários crimes de guerra cometidos na Síria e por aterrorizar a população civil.

De acordo com a ONG Human Rights Watch, ele permitiu que hospitais na província de Idlib fossem bombardeados, embora soubesse que muitas crianças estavam neles. Ele também teria ao menos permitido o uso de armas químicas contra civis sírios, se não o ordenado. Também é atribuída a ele a responsabilidade pelo bombardeio de Aleppo, cidade reduzida a escombros pelas forças aéreas russas em 2016.

le (DW, Lusa, ots)

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